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Alfabetização: letra de imprensa x letra cursiva

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Muitos de nós, alfabetizadores, sentimo-nos inseguros acerca da escolha do tipo de letra a ser usado na alfabetização: Letra Cursiva ou Letra Bastão (ou Imprensa)? Chegamos a divergir em defesa daquilo que acreditamos ser o melhor caminho a ser trilhado pela criança. Sem sombra de dúvida, ainda voto no bom senso para que tal escolha aconteça de forma a garantir o sucesso real de todos rumo ao letramento tão exigido no mundo atual. 




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Pensemos e concordemos que a letra cursiva apresenta um grau de dificuldade, em seu traçado propriamente dito, maior que a bastão ou imprensa, como também é chamada, mesmo em se tratando de crianças de um nível mais avançado. Ela é mais cansativa pra quem está aprendendo e, por isso, despende um tempo muito maior para a atividade de escrita. No entanto, a dificuldade varia de criança para criança.

 

Penso que o processo de aprendizagem é suavizado quando se introduz o uso da letra bastão no início do processo de alfabetização e a manuscrita somente após a alfabetização concretizada (codificação e decodificação - leiturização). Acredito também que se a criança for bem estimulada, emocional e afetivamente, ela se desenvolverá bem independente de qualquer obstáculo.


Para elucidar e aprofundar um pouco mais esse assunto, busquei nas idéias de especialistas no assunto, um começo para as nossas reflexões. Primeiramente, apresento um quadro comparativo, bastante divulgado pela web, a seguir texto adaptado por mim baseado nas ideias de duas psicopedagogas, do Rio Grande do Sul, finalizando com ideias e opiniões de pais e educadores compartilhadas a partir da reportagem publicada na Revista Nova Escola (n. 217/ 2008).

Vejamos então cada uma dessas reflexões:

1- Quadro Comparativo - Tipos de Letras usadas na Alfabetização.


(Clique na imagem para melhor visualização)

2- O que dizem os especialistas sobre o assunto?

(Adaptado de Janaína Albani Dias* e Renata Brogni da Silva**)

Com o passar dos tempos torna-se cada vez mais importante a crescente preocupação com relação à alfabetização. Governo, educadores, escolas e pais unem-se para que cada vez mais, tenhamos crianças bem alfabetizadas, formadas e tornando-se, futuramente, cidadãos críticos e profissionais qualificados. 

A atenção com as classes de alfabetização é um dos pontos mais relevantes e considerados pela educação atual, pois é a base para toda a vida escolar do ser humano. É também nestas classes que os alunos tomam “gosto” pelo estudo. Desta forma, se a atividade escolar não for prazerosa, motivadora e se os professores não tornarem a educação, em especial a alfabetização, uma prática agradável, as chances dos alunos desanimarem e desapontarem-se é bastante grande. 

A real preocupação com a alfabetização surgiu com o renascimento (século XV e XVI), uma vez que eram publicados livros para um público bem maior e a leitura deixou de ser coletiva e passou mais individual. Como conseqüência da preocupação com a alfabetização surgem as primeiras “cartilhas”, com o objetivo único de dar ênfase a leitura. 

Depois de 1950 a cartilha passou por uma grande transformação, objetivando, a partir de então, a escrita dos alunos. Atualmente, a prática escolar adotada, ainda baseia-se na cartilha tradicional. Porém, conforme afirma cagliari (1999, p. 31): “O processo de alfabetização pode ser diferente do método das cartilhas, procurando equilibrar o processo de ensino com o de aprendizagem, apostando na capacidade de todos os alunos para aprender a ler e escrever no primeiro ano escolar e desejando que essa habilidade se desenvolva nas séries seguintes, até chegar ao amadurecimento esperado pela escola”. 

A escola, nos últimos anos, foi bastante surpreendida pelas inovações dos campos da ciência e da tecnologia. Com esses avanços, muitas teorias acerca da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo, da leitura, da escrita e da alfabetização foram sendo complementadas, discutidas e reconstruídas necessitando trazer consigo reformulações dos métodos educacionais. 

Gostaría de salientar a relevância deste artigo para a educação, por ser este um assunto bastante polêmico entre professores. Assim, espero que contribua e auxilie os professores alfabetizadores para que melhor desempenhem seu trabalho. Considerada uma questão bastante complicada e duvidosa, muitos professores não sabem que tipo de letra utilizar para alfabetizar de forma mais eficaz os seus aprendizes. Afinal, qual a melhor letra para quem está começando a aprender a ler e escrever? Bastão ou Cursiva?

Pensando nessas mudanças, questiono: será que além de todas as dificuldades que os alunos já enfrentam no início do processo de alfabetização, eles têm a necessidade de aprender a ler e escrever a letra cursiva, cuja sua utilização nos tempos atuais encontra-se quase que exclusivamente na escola? Não a encontramos em nenhum outro lugar no contexto social a não ser nas cartas (cada vez mais cedendo espaço aos emails escritos com letra de forma) ou bilhetes.

Porque a maioria dos professores continuam trabalhando com a letra cursiva, exigindo esta aprendizagem, muitas vezes como critério de aprovação? Em função desta contradição (aprendizagem em letra cursiva X contexto social em letra bastão), identificamos a necessidade de uma pesquisa aprofundada, já que na literatura atual não há quase nada que se refira diretamente a este assunto. 

Como o objetivo da escola deve ser o de preparar cidadãos críticos capaz de transformar a realidade em que vivem para melhor, a proposta de alfabetização deve naturalmente adequar-se às exigências da atualidade. Realidade esta, em que a letra bastão esta presente em todos os momentos da vida de uma criança: em livros, televisão, revista, jornais, embalagens, rótulos, cartazes nas ruas, no teclado do computador. Ficando a escola como um dos únicos espaços sociais onde se privilegia a escrita com letra cursiva.

Muitos educadores dedicam parte do seu tempo treinando o alfabeto manuscrito com seus alunos, apesar de viverem num mundo onde a letra de forma é dominante. Desta forma, percebe-se uma grande perda de tempo e esforço por parte dos alunos e professores que tentam insistentemente a grafia da letra cursiva. Tempo este que poderia e deveria ser melhor aproveitado, com atividades desafiadoras, com objetivos reais para a necessidade de crescimento de seus alunos. 

Percebe-se então, a dificuldade com que se defrontam estas crianças, que recém aprendendo a ler e escrever deparam-se com obstáculos criados e na maioria das vezes impostos pela própria escola que obriga seus alunos a utilizar a letra cursiva já no início da aprendizagem da leitura e escrita, sendo em muitos casos um inibidor de avanços e desmotivador, podendo trazer conseqüências bastante sérias e graves, como, por exemplo, o fracasso escolar. 

Segundo ferreiro, (apud nova escola, 1996, p. 11) começar a alfabetização com letra bastão é uma tentativa de respeitar a seqüência do desenvolvimento visual e motor da criança. 

No entanto, em vez dos professores despenderem a energia de seus alunos no aprendizado da letra cursiva, poderiam utilizá-la para outras atividades mais importantes e necessárias para a vida dos alunos, como por exemplo: leituras diversificadas, jogos, brincadeiras ou músicas.

3- Ideias e Opiniões de Pais e Educadores sobre a questão
" - POR QUE AS CRIANÇAS DEVEM APRENDER A ESCREVER COM LETRA DE FÔRMA PARA DEPOIS PASSAR PARA A CURSIVA?"

Questionamento feito à Revista Nova Escola a partir da sua reportagem, da Edição n. 217, de novembro de 2008, respondido por Cristiane Pelissari, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

Esta escolha está relacionada ao processo de construção das hipóteses da escrita. Durante a alfabetização inicial, os pequenos trabalham pensando quais e quantas letras são necessárias para escrever as palavras. As letras de fôrma maiúsculas são as ideais para essa tarefa, já que são caracteres isolados e com traçado simples - diferentemente das cursivas, emendadas umas às outras. O aprendizado das chamadas "letras de mão" deve ser trabalhado com crianças alfabéticas, que já têm a lógica do sistema de escrita organizada. Antes de estarem alfabetizadas, elas entram em contato naturalmente com as letras cursivas e as de fôrma minúscula e até podem ser apresentadas a elas, desde que tal contato fique restrito à leitura.

*Janaína Albani Dias - Pedagoga; Especialista em alfabetização; Psicopedagoga; Professora alfabetizadora da rede pública Municipal da cidade de Gravataí/RS.
**Renata Brogni da Silva - Pedagoga; Especialista em alfabetização;
Diretora de Escola de Educação Infantil do Município de Eldorado do Sul/RS.

3.1- Comentários dos leitores - Pais e Educadores (identidades preservadas nesse espaço)

G. Faustino - Postado em 17/10/2010 16:14: 31
Entendo e sempre deu certo em minhas práticas que as crianças precisam entender a escrita, estar lendo ao menos silabas, para depois escrever letra cursiva, mas o que me preocupa são as grafias de muitos professores que não ajudam nesse processo, pois o aluno tem que ter referencia para essa grafia, e muitas vezes ficam confusos com a letra do próprio professor que precisa ter letra pedagógica para ajudar os alunos nessa transição, que para o aluno acontece naturalmente e com sucesso se não for simplesmente imposto, isso porque ele já traz de casa uma bagagem sobre esta escrita. 

MBS. Sales - Postado em 01/10/2010 22:05: 03 
Gostaria de ler textos de especialistas que discuta o uso da letra cursiva ou bastão nos espaços de educação infantil. A criança está em formação, acredito que ela possa ser apresentada aos diversos tipos de escrita, com diferentes portadores de texto. Mas os cartazes, informativos em geral, devem ser necessariamente em letra de forma? 

L. Bambino - Postado em 15/04/2010 13:38: 52 
Por que as crianças devem aprender a letra cursiva? Este tipo de letra somente é usado na escola, uma vez que o que mais vemos (livros, jornais, revistas, propagandas, bulas de remédio, rótulos de produtos, etc...) é a escrita do tipo Bastão (fôrma). A letra cursiva é mais difícil de ser aprendida, principalmente para aquelas crianças que tem algum tipo de dificuldade. As letras emendam umas nas outras, dificultando o processo de leitura. O objetivo da escrita é o de comunicar algo e o tipo de letra pouco importa. A comunicação acontecendo é o que de fato deveria ser levado em conta. 

JCM.Versiani - Postado em 13/04/2010 11:24: 28 
Na verdade gostaria de saber que implicações terão caso o aluno chegue ao 8º ano ainda sem seguir fazer letra cursiva e como fazer para resolver esta situação, ou seja, ensinar o aluno a letra cursiva nesta série. 

AMG. Ferraz - Postado em 09/07/2009 13:30: 22 
Caros colegas, a minha pergunta é um pouco diferente. Por que as crianças precisam aprender a escrever a letra cursiva? Isso após a alfabetização torna-se algo inerente aos alunos que sentem a necessidade da letra cursiva, aos que não sentem continuam com a letra bastão, ou até misturam, fazem uma "dobradinha" das letras, coisa que vemos muito com os alunos que chegam ao ensino fundamental II, e nós professores não cobramos desses alunos a letra cursiva perfeita, somente o conteúdo correto. E o adulto? Especialmente os que trabalham em profissões técnicas, utilizam muito a letra bastão, ou ainda melhor agora na era virtual, a comunicação é através dos nossos msn's, e-mails. Então qual é mesmo a finalidade da letra cursiva? 

JC.Malheiros - Postado em 31/03/2009 12:00: 59 
Quando eu comecei a entender a construção das hipóteses de escrita e a realização adequada de uma sondagem para identificar os níveis de escrita, percebi que a letra de fôrma maiúscula é fundamental para desenvolver o processo de alfabetização, pois quando eu trabalhava em outras séries tinha uma visão equivocada. 

RMG.Silva - Postado em 28/03/2009 00:00: 00 
Concordo com a opinião de nossa amiga Júlia Almeida, contudo acredito que as crianças, após compreenderem o sistema de escrita, devem ter contato com todos os tipos de letras, porém não se deve impor a criança o tipo de letras que deve utilizar (o que acontece muito na escola, em relação à letra cursiva) e sim dar a liberdade de utilizar da letra que encontrar mais facilidade ou que mais lhe convir. Levar a criança a conhecer todos os tipos de letras é um dever da escola, qual letra utilizar é uma escolha do indivíduo. 

R. Gomes - Postado em 23/03/2009 00:00: 00 
A letra cursiva é complicada, é agarradinha e confusa (é mais pessoal) para entender o que o outro escreve, por exemplo, quando um adulto já alfabetizado escreve para outro adulto alfabetizado ler ,ele vai encontrar muita dificuldade para entender a sua letra. Se para uma pessoa já alfabetizada é complicado, imagine para uma criança no início da alfabetização, por isso é muito mais fácil para a criança aprender a ler com a letra de fôrma maiúscula.

BOA LEITURA E BONS ENCAMINHAMENTOS!

(*) Créditos das Imagens:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPmLmyHBtv5ahkOfDzoXughBxciIYLLeLKr-oM3qiWNECFGivHO5ULWNe-hEeUdT3EOypY-5Q26EZZ1cBMQSQIft8m88qjRdPtziai6zADSXiAnRCBOh_G65rb5aLbtiMRCidqkN077oPT/s1600/Tipo+Letras.jpg

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ADRIANA, Vera e Silva. Bastão X Cursiva, os prós e os contras de cada letra na alfabetização. São Paulo: Ed. Abril, n. 99, XI, p. 8-16, dez 1996. 

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o ba, be, bi, bo, bu. Pensamento e ação no magistério. São Paulo: Editora Scipione, 1999.

Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF.1997

Revista Nova escola: Entrevista realizada com Emilia Ferreiro: 1996. p. 11.

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