Alfabetização e Educação Popular: opção para a atualidade?

Aspectos ideológicos e metodológicos
“Com muitas ilusões, mas com enorme esperança, tentaram-se caminhos novos ou reconstruíram-se caminhos antigos. O que houve de certo e errado só a história pode dizer. E quase nos foi negada a possibilidade de conhecer a história”. Osmar Fávero
Paulo Freire, como representante notável frente às lutas populares que se travaram inicialmente na América Latina, teve uma ação internacional, “graças” a sua situação de exilado. Suas ações carregaram em si a concepção de educação como emancipadora do popular e contribuíram para a consolidação de um grande número de grupos e organizações favoráveis a defesa dos marginalizados e excluídos.

Segundo estudo de (ALMEIDA, 1988) o ato de educar em EP significava, no início dos anos 60, atuar frente a grupos variados em seus interesses: o indivíduo que buscava aulas de alfabetização nos acampamentos, as mulheres que participavam de clubes de mães, sócios nas sociedades de bairros, membros das igrejas, grupos de trabalho específico, dentre outros. Mas como podemos compreender a base de todo o processo de alfabetização em Educação Popular da época?

Consciência Fonológica: pré-requisito para a alfabetização?


O título desta postagem foi o tema do último Fórum de Alfabetização, na Unirio, ontem. Manhã maravilhosa, encantadora, desequilibrante, como todas que são oferecidas pelas pessoas do Grupalfa. E que pessoas são essas? Nossa, sem palavras...

Fui desmontada em meus preceitos, mas acalentada pelas informações: dados para a reflexão. Penso que não estou tão distante assim daquilo que educadores que sonham uma sociedade mais justa, de fato, onde a educação contribui para a verdadeira emancipação dos indivíduos - sejam eles pertencentes a qualquer camada sóciocultural e econômica - almejam.

De tudo e muito mais, aprendi que consciência fonológica, sim, mas sem o blá blá blá da sílabação pela simples silabação, ainda que se possa chegar lá. Mas por outro caminho, mais seguro e humano para o aprendente.

Quero escrever mais sobre isso, mas ainda estou organizando as idéias. Quer refletir comigo sobre isso? Envie suas idéias, dúvidas... Vamos pesquisar juntos.

ABRAÇOS CARINHOSOS A TODOS E TODAS!


EDUCAÇÃO: eu acredito, nós acreditamos!

Olá, caros leitores e leitoras,


Quero compartilhar com vocês
a satisfação do nosso espaço ter atingido mais de 50.000 
(cinquenta mil) acessos, demonstrando que 
Educação ainda é um assunto que nos encanta 
preenchendo nosso tempo.

Para comemorar, estamos renovando esta Webblog, reorganizando sua formatação e apresentação. Esperamos que gostem e nos sugestionem.



ABRAÇOS a TODOS e TODAS com Afeto!

É hora do Fórum! XXII FALE - UniRio

Para quem já participou sabe que é IMPERDÍVEL!

O Fórum de Alfabetização, promovido pela Universidade do Rio de Janeiro, a UNIRIO, acontece uma vez por mês, trazendo-nos para debate temas estritamente observáveis em nossa prática pedagógica. São encontros com profissionais da mais alta qualidade, que atuam mesmo em salas de aula, honrando-nos com a ausência do blá-blá-blá distanciado da práxis, como estamos habituados a assistir.

Te vejo por lá!

(Clique na imagem para saber mais detalhes).




O que se aprende quando se ouve o professor lendo?


Em releitura do imperdível para nós, alfabetizadores, "Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário", de Délia Lerner (2002), me deparei com os questionamentos da própria autora:

" O que se aprende quando se ouve o professor lendo?"
"Em que momento os sujeitos se apropriam da linguagem dos contos?"

Entre essas e outras perguntas, seguidas das reflexões da Délia, me veio à lembrança o diálogo:

"- Mãe, faz um chafariz aqui pra mim (fazendo referência a uma produção artística - desenho - de livre escolha)?
- Chafariz! Huumm, não sei desenhar bem um chafariz.
- Mãe, faz um igual àquele do Mico Leão!"

Nossa, o que Ana (5 anos de idade) estaria querendo me dizer? Que "raio" de Mico Leão era esse? E o que chafariz tinha a ver com o Mico Leão?  Minha expressão facial falou por si só. E fora explendidamente interpretada pela pequena:

"- Mãe, você não lembra daquela história que você contou pra mim e para a Maria*, a do Mico Leão que adorava tomar banho no chafariz?"

Caramba, realmente eu havia contado essa história durante uma aula para Maria, aluna que frequentava a sala de Atendimento Educacional Especializado. Mas já se passara muito tempo. O ano letivo, inclusive, já havia virado.

Eu, de fato, não me recordei de imediato. Talvez pelo motivo da Ana ter participado do momento da Contação da história de forma incidental. Ela se quer devia estar ali. Não havia planejado contar para ela específicamente. Mas neste ponto exato entraríamos num outro assunto que geraria um bom tópico de discussão: a intencionalidade educativa ou o planejamento pedagógico.

Mas o que vale mesmo, diante dessa exposição é a ressignificação daquilo que fora apreendido por Ana. E ainda mais valerá  se considerarmos a intencionalidade não direcionada a Ana, e sim a Maria.

A pequena, ao ter contato com a história que ouvira da sua mãe, ainda que não direcionada para ela específicamente, assimilou o seu conteúdo, se apropriou dos seus elementos, preservando-os em sua memória e os resgatou num momento posterior de criação artística, através do desenho, espontâneamente.

Creio que esta seja a maior contribuição que nós, professores podemos dar aos nossos alfabetizandos, que é a de oferecer elementos de criação.
Esses elementos, ressignificados, irão compor a história da pequena Ana em seu real processo de (re)construção da leitura e da escrita.

E nos voltamos à pergunta que gerou esta postagem:
O que se apreende quando se ouve o professor lendo?

_________________
(*) Identidade preservada.


As falas da família e as memórias sobre a alfabetização II



(Foto de Cristiane Silva. In: Bienal 2009)

Larissa, Professora e Pedagoga, revive sua história e nos envia suas memórias. É um relato cheio de vida e que certamente irá emocionar aos caros leitores, envolvidos com a arte de alfabetizar.
NÃO DEIXE DE COMPARTILHAR CONOSCO SUAS LEMBRANÇAS. 
Forte abraço a todos e todas!


(Amigaaaaaaaaa, essa é vc???  Q história linda! Mas fico até "sem graça" de contar a minha... rs)

"Lembro-me muito pouco... mas era tudo muito diferente... Tb era a menininha calada e isolada num canto da sala, os professores não acreditavam qd meu pai contava todas as artes que aprontava em casa. Era um meninão em casa, que não deixava meu pai cozinhar o chamando para jogar bola. Meu pai cuidou da casa e das 3 filhas muitos anos, por estar desempregado, enquanto minha mãe trabalhava.

Ninguém entendia pq era tão calada na escola, tão desorganizada, "avoada", nunca sabia qual o caderno era para pegar e nem se tinha trabalho de casa. Incansavelmente, ou cansavelmente, não sei, escutei: Você é irmã da Laila??? Não acredito! A Laila era tão organizada e tinha uma letra linda. Como estudávamos na mesma escola e minha irmã Laila era apenas uma série a minha frente. Pegava todo ano a professora que era dela. E todo ano era a mesma tortura!
Em casa minha mãe nunca entendia pq eu não gostava de ler, se dava a mesma educação e estímulo às filhas, e Laila lia enquanto eu jogava creme-rinse (era assim que se chamava condicionador na época) no chão do box para Laila cair, rabiscava as bonecas, destruía a casa de bonecas feita pelas primas na bananeira...

Qd minha mãe ia arrumar minha mochila então... Nossa! Ela sempre encontrava caneta hidrocor sem tampa e a mochila jeans manchada com a mesma cor da mancha dos cadernos, agenda, novo testamento... Tinha ali farelo de biscoito, umas 4 maçãs, no mínimo, podres e tudo que se pode imaginar... Era um desespero!
- Relaxada! Preguiçosa! Porca!

Ouvi isso toda a infância, adolescência e ouço até hj, mas agora adulta a corrijo:
- TDA, por favor!
É... por ser quieta, e não atrapalhar as aulas, minhas professoras não viam transtornos em mim. Não tive a mesma sorte que a sua. Fui internalizando isso e realmente me achava a porca, a filha burrinha. Mas eu sonhava tanto. Sonhava acordada, sempre com futuro, com tudo que via. Hj, 28 anos, continuo assim, estou sempre pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo. Não dá pra parar, e isso cansa... Dormir então, é se cansar mais, os sonhos são sempre tão intensos, malucos, são vários, muitos, muitos, muitos sonhos numa mesma noite de sono. Acordo durante à noite para ir ao banheiro e beber água, o meu corpo exige isso!
No primário ficava brincando com o estojo. Tinha aquele que cada botão que se apertava saía uma coisa: tesoura, apontador, gaveta... As BICs eram bonecas barbies. Sabe aquela tampinha? Era o cabelo de rabo de cavalo. Tudo me distraía. As notas, regulares à péssimas. Minha mãe ficava desesperada.
- Como uma filha minha pode ficar em recuperação na 2a. série, hj intermediário?
Filha mais nova de três "INTELIGENTES", dava nisso.
Hum! Me lembrei agora da avaliação de leitura no C.A. Não sabia o som do H inicial, a professora e a coordenadora me explicavam diversas vezes, mas não conseguia compreender... rsrsrsrs
E a tabuada??? Hum... essa aí era um horror. Ao contrário de vc não entendia pra q decorar se era só olhar no papel. Minha mãe, coitada... Colava cartazes com tabuadas em pontos estratégicos da casa. Qd eu sentava no vaso sanitário, estava o cartaz na minha frente. Se deitava na cama, acredite! Ele estava lá, colado no teto. Os números saiam do lugar dançavam, caiam, brincavam comigo, mas cantar a tabuada, só qd ela gritava:
- Quero ouvir daqui!
rsrsrsrsrsrs
A conta de dividir fui aprender apenas na 5a. série. Na 2a. vez que fiz a 5a. série. Passei em todas as matérias e fiquei em mat, por mais de 4 pontos. Fiz prova final, recuperação e nada. Deram a chance de 2a. época. Já ouviu falar nisso??? Passei todas as férias de 1990 estudando com professora particular.

O dia que fugi para ir à Colônia de férias do SESC, era o dia de piscina, tomei uma surra de escova de pentear cabelo. Bom, fiz a 2a. época, mas não passei. A prova foi a idêntica a que estudei na explicadora, ela tinha conseguido do ano anterior daquela mesma escola. Tentava me fazer decorar o resulatdo. rsrsrsrs Não é que errei quase tudo... A madre responsável chamou meus pais para conversar para q eles decidissem se eu passaria ou não. Meus pais optaram por não. Falaram que eu era do meio do ano (junho) e esses 6 meses estavam fazendo a diferença em minha maturidade. Fiquei P... Fiquei certa de q não gostavam de mim. Q era realmente o patinho feio que os familiares falavam, a pestinha, a criança achada no lixo.
E as produções? Falatava o final do parágrafo, mudava de assunto antes de concluir. Meu Deus! Pq g e j, s, ç, e c, s e z, x e s, m e n, tudo com o mesmo som? Era um tormento meus erros ortográficos.
Então as coisas começaram a melhorar qd repeti o ano. Já com 12 anos comecei a entender toda aquela confusão de pensamento e falta de organização como características da minha personalidade e que estava na hora de mudar... Comecei a me cobrar, a ficar popular na escola e a estudar todos os dias da minha vida. Como cobrança. As críticas familiares mudaram. Agora era: Como a Larissa é inteligente! Eu dizia:
- Não! Inteligente não! ESFORÇADA!!! Vcs não tem noção de qt força boto nisso!
E fui uma das melhores alunas da turma. Qd decidi ser professora, me obriguei a ler. Pensava: é inadmissível uma professora q não gosta de ler... E as coisas foram fluindo. Apostei com minhas irmãs que passaria para CEFET. Não passei e fui "zoada" durante todo o 2o. grau por elas. Só pararam qd apostei que passaria para UERJ. Riam tanto. Fiz, sem pré-vestibular, sem matemática, física, química e biologia de 2o. grau. Passei para a 2a. fase. Ninguém queria voltar de viagem para eu fazer a prova. Minha irmã mais velha falava: Mas pai, ela não vai passar mesmo! Isso me dava uma força incrível para estudar, passei dezembro inteiro debruçada em livros, isso num sol de lascar dentro de uma casa quente de praia.
Passei! E conclui! Quis continuar... quero... Mas não entendia mais o pq de tanta dificuldade. Hj trabalhando, como professora, vivo louca com atividades para corrigir, elaborar, prazos de entrega. Faço cursos, palestras, participo de Congressos, mas com um esforço fora do comum. Esqueço meus compromissos, esqueço de contas importantes a pagar, sempre numa velocidade enorme de pensamento. Tenho muitas ideias, poucas consigo colocar em prática, tô sempre elaborando... dizem que sou criativa. E responsável tb. Qd escuto que sou organizada, digo: Tento! Tento!
Hj lendo e pesquisando sei que sou uma adulta TDA, sem hiperatividade física. Sou feliz! Muito feliz! Sei que conquistei muitas coisas, mas sei tb que quero conquistar muito mais, mas preciso de ajuda, procuro ajuda...
Minha mãe não sabia disso, faltava informação naquela época. Hj sabe e procura me entender.
Um adulto TDA entende suas confusões como parte da personalidade. As pessoas que convivem cmg, ou me amam, por entenderem meu jeito esquecido, grosseiro, impulsivo e entrão de ser, ou me odeiam... rsrsrsrs".


As falas da família e as memórias sobre o processo de alfabetização



Todos nós, leitores privilegiados, temos em nossa lembrança nossos processos de alfabetização. Mas o que nossos familiares pensavam e nos diziam àquela época, sem que percebéssemos, foi muito importante para nossa formação, seja em qualquer área em que atuamos hoje.
Será que você se recorda das falas da sua família sobre a sua aprendizagem da leitura e escrita?
Bem, de qualquer forma, quero compartilhar com vocês as minhas lembranças tão vivas em meu pensamento ainda hoje.
Seria uma honra compartilhar também das suas próprias lembranças.
Fique a vontade para nos contar.

(Proposta de atividade do Curso de Extensão/ 2009

da Universidade Federal Fluminense, Ministrado pelo Prof. Dr. Armando M. Barros
"Pintura e Escrita: confluências da verbalidade e do olhar nas classes de alfabetização").

Para o nosso mediador, o Prof Armando M. Barros (UFF/RJ), a escuta pelo próprio indivíduo sobre as suas experiências através da "voz familiar" é o que define aquilo que o aluno fala em sala de aula e até fora dela.


E o objetivo que nos faz optar por compartilhar com vocês tal concepção está presente na constatação da dificuldade que temos, enquanto professores, de nos comunicarmos verdadeiramente com nossos alunos. E mais ainda em perceber que essas vozes externas se interiorizam ao longo da nossa história e nos acompanham pela trajetória de vida escolar. Como entender o que os nossos alunos nos dizem? Ou tentam nos dizer? (...)

2012! O que ofereceremos aos nossos alunos? Vamos pensar juntos?


O PROJETO NOSSO DE CADA ANO - Planejando 2.012


Pensar no Projeto para o próximo ano letivo é a ordem para os dias de janeiro.

Se possível, reserve um tempo para você. SÓ VOCÊ.

Fazer um bom passeio ao ar livre, ir ao cinema, visitar um museu, apreciar qualquer ponto da natureza... Ficar de perna pro ar! Tudo isso servirá para recarregar as baterias. E elas precisam estar muito bem carregadas para agüentar a demanda do dia-a-dia das nossas salas de aula.

Seja qual for o projeto pedagógico das escolas em que atuamos, devemos pensar no nosso próprio projeto. Falo daquilo em que acreditamos, nossas concepções, do que fazemos de melhor porque já provamos o gostinho do bom resultado para todos, alunos e nós mesmos. Daquilo que consegue encher nossos lábios de um sorriso incontido. Rimos sozinhos, felizes com o sucesso daqueles que dependem de nós, somente nós.


Se temos nosso próprio projeto, confiamos nele e nos empenhamos para a sua plena execução, facilmente nos engajaremos num projeto maior, o projeto de todos. Aquele que foi decidido com toda a equipe e que, por isso mesmo, também teve a nossa participação. E, engajados, poderemos seguir firme, ainda que apareçam pedras no nosso caminhar. Estaremos fortes, porque seremos um mais um, mais que dois.

Pensar sobre o quê e como vamos oferecer aos alunos para que eles tenham reais chances de um seguro aprendizado da leitura e da escrita não é tarefa nada fácil, mas imbuídos do amor que temos pela nossa profissão e conscientes do nosso papel neste mundo, tão necessitado de uma educação transformadora, emancipadora (neste momento me recordo dos ensinamentos de Paulo Freire) e, acima de tudo, "fazedora de seres humanos em sua plenitude". Seres humanos repletos de sentimentos pouco observados em nossa sociedade - amizade, solidariedade, caridade, amor, justiça e respeito.




A nossa missão não é das mais simples. Ela é grandiosa sim. E devemos começar o quanto antes, mesmo que, por lapsos de segundos, vemos nossa força se esvair. Mas ela está lá, e é exatamente ela que nos move.

Instrumentalizar crianças, adolescentes ou adultos com a ferramenta essencial para enfrentar as perversidades que o mundo capitalista-transglobalizado nos impõe - com a leitura e a escrita - é o início de tudo o que pode vir depois: consciência crítica, exercício de deveres, a conquista e a exigência de direitos, o respeito e o amor ao próximo e ao distante e, fundamentalmente, respeito pela natureza, pelas nossas terras e nossa Terra.




FELIZ BOM ENCONTRO COM OS NOSSOS EUS. 
BOAS IDÉIAS A TODOS E TODAS!

UM EXCELENTE ANO NOVO!

E se quiser compartilhar conosco, ficaremos extremamente honrados.

Fotos: http://images.google.com.br/images


Como ajudar seu filho a gostar de ler?

BOM DIA, PARA OS DO DIA,
BOA NOITE, PARA OS DA NOITE!

Curiosamente, ao ligar o computador e clicar no botãozinho da internet, a página que se abre é a do Jornal O Dia. Fico por alguns segundos contemplando tal página e agradecendo a Deus por isso. Meu filho Rodrigo, com seus 24 anos é um leitor pouquíssimo assíduo de jornais ou revistas. Fato esse que provavelmente se deve a uma professora que teve na antiga 1ª série. A professora, na tentativa de ajudá-lo numa melhor organização de seus deveres, arrancava-lhe as folhas do caderno, e isso ocorria sempre. Eu, mãe zeloza, aprendiz do ofício de ensinar (graças a Deus não só a melhoria na organização dos cadernos!), achava o máximo: nossa, essa professora é boa mesmo, quer ver o caderno do meu filho um "brinco"!

Então, pensava que fazendo o mesmo, ia ajudar ainda mais o meu filho, que só para esclarecer, aprendeu a ler aos 6 anos de idade, sem qualquer ajuda extra da mamãe, aprendiz de professora, como já disse. Apenas o ajudava a fazer as tarefas de casa. E lia bastante histórias. Ah, sim. Isso eu fazia muito. E ele amava. Lembro dos seus olhinhos ávidos pelo desenrolar e desfecho das mesmas... E certamente isto contribuiu para que se alfabetizasse tão rápido, em apenas 6 meses!

Bom, mas estáva-mos onde mesmo? Ah, sim, lá na primeira série.  O Rodrigo adorava ouvir histórias, e contava as suas também, tanto que hoje é um excelente "contador de causos e piadas"! Mas escrever era um problema. E como eu reforçava a atitude da professora que arrancava-lhe folhas e mais folhas do seu caderno para que ele escrevesse novamente as tarefas, ele tomou mesmo pavor do ato de escrita.

Uma pena, perderam a professora, que apenas fez valer o seu poder em sala de aula, a mãe, que não suspeitava do mal que causava e o filho, que deixou o trem da escrita na vida e da vida para trás só para não ter que reescrevê-las. Quem sabe alguém não estaria lá para lhe mandar fazer tudo de novo?

Lembro das cartinhas que adorava fazer para mim. Isso antes, claro, de passar pela experiência acima descrita. Algumas guardo até hoje. E não venham me convencer de que ele era um mau escritor! Mas só hoje eu vejo isso...  QUE PENA!
Que pena do mundo por isso. Perdeu também. Deixou de conhecer uma sensibilidade grandiosa, que se esconde até hoje dentro do coração daquele menino, que em suas brincadeiras de hoje, deixa escapar a sua criatividade de ontem, pouco utilizada.

A verdade é que passando os olhos pela página aberta, avistei a reportagem cujo título é o mesmo desta postagem, como ajudar seu filho a gostar de ler? E pensei na contribuição que o meu relato poderia dar aos pais aflitos pela situação de "mau organização" das tarefas de aula no caderno dos seus filhos e outros probleminhas (uns de fato preocupante e outros nem tanto) que a escola inventa e nós pais acreditamos e reforçamos.

Então, quero compartilhar com vocês o artigo publicado no Jornal O Dia Como ajudar seu flho a gostar de ler? A pergunta é respondida por Regina de Assis, Mestra e doutora em Educação e consultora em Educação e Mídia.

PERGUNTA E RESPOSTA
Meu filho tem 8 anos de idade, está na 2ª série e tem dificuldades para ler. Ele Já faz aulas de reforço no colégio. O que mais posso fazer? Lilia Campos, por e-mail
Parabéns por acompanhar de perto os estudos de seu filho, buscando resolver os problemas assim que eles se apresentam. Converse com a/o coordenador/a pedagógico/a da escola dele, para saber melhor como ajudá-lo. Mas posso lhe adiantar que há um recurso muito importante, que você pode desenvolver em casa : ler para seu filho histórias que o interessem e lhe deem prazer e depois pedir que ele as releia para você. Pedir que ele conte suas próprias histórias ou fatos ocorridos no cotidiano, escrevê-las, ler para ele e, novamente, pedir que ele as releia para você. É muito importante que seu filho descubra e valorize o fato de que o que se fala, se escreve, o que se escreve se lê e se volta a falar.
Observe também se a saúde dele está em ordem, especialmente fazendo exame de olhos e ouvidos. Analise ainda se ele tem horários organizados em casa para dedicar tempo aos estudos, sem deixar de brincar com os companheiros, ver um pouco de TV ou jogar. Mas o tempo da leitura é ‘sagrado’ e deve ser agradável e não cansativo ou desinteressante. Seu filho descobrirá, com sua ajuda e da escola, a beleza e importância da leitura em sua vida.







BONS ENCONTROS COM VOSSOS FILHOS E FILHAS!



É hora do Fórum! FALE - UniRio

Pessoal!  Saudações!

(clique na imagem para ampliá-la) 

Quando o assunto é o Fórum de Alfabetizadores, sou babona, mesmo...

O espaço é maravilhoso para aqueles que pretendem repensar a sua prática pedagógica.

Longe do blá,blá, blá que não nos leva a lugar algum, no Fórum podemos nos ver através das práticas em foco nos debates.

NÃO DEIXE DE PARTICIPAR!

Nos encontramos por lá.


Leitura, escrita e alfabetização - histórias que se entrelaçam


Valéria Poubell, professora alfabetizadora, In Fórum de Professores
 Pesquisadores: “O fracasso escolar como forma de exclusão social
dos alunos das classes sociais menos favorecidas do nosso país”(2006)




A interpretação de sons, ainda dentro do útero; de imagens, a do rosto da nossa mãe no momento em que nos deixamos ver neste mundo; de gestos, toques, olhares e mais lá na frente, palavras e imagens mais complexas, a do mundo a nossa volta, tudo isso faz parte da nossa aprendizagem desde o nosso nascimento.


Todo processo de aprendizagem dos indivíduos é mediado pela escola no momento que entramos nela. E tudo aquilo que aprendemos ou não, anteriormente, será potencializado positiva ou negativamente. Neste cenário – de processos bem ou mal sucedidos até então – se apresentará a leitura e a escrita. Paulo Freire (1986) já nos disse que ler o mundo precede ler as palavras do mundo. Eu diria que escrever as palavras do mundo é resultado da escrita da nossa própria história de vida, que escrevemos com ou sem uma letra sequer, se considerarmos as culturas ágrafas existentes. 

Os nossos traços de identidade, intensamente impregnados das nossas histórias de vida, merecem toda atenção nos processos de aprendizagem da leitura e da escrita do mundo. Sabe-se que ainda hoje estes são visivelmente desprezados pela escola. Muito mais que discutir a definição ou escolher entre a alfabetização e o letramento é importante capacitar as pessoas, sejam crianças, jovens ou adultos, para a leitura e a escrita eficiente no mundo. Mas como aproximar eficientemente os sujeitos dos conteúdos de aprendizagem?

Ler e escrever vai muito além de alfabetizar-se. Ler significa “ler o mundo” sim, e através da leitura desse mundo, o indivíduo deve ser capaz de escrever a sua própria história no mundo, perceber o momento de modificar o seu rumo e lançar estratégias eficazes para que a transformação ocorra, utilizando-se da leitura e da escrita como ferramentas para alcançar o seu objetivo. Ler no mundo é perceber a história de vida como uma história que se entrelaça com a história do próprio mundo, onde residem as relações sociais, culturais e econômicas e, portanto, também passiveis de transformação.

Ao nascerem, as pessoas inscrevem-se na história do seu país que, por sua vez, compõe a história do mundo, assumindo um tempo só seu num mundo perverso em suas relações sociais e produções de conhecimento. E estes mesmos indivíduos, matriculados numa escola, só serão capazes de se transformar e mudar o seu meio social se forem instrumentalizados de maneira sólida, através de um currículo organizado de acordo com as suas reais necessidades. 

A valorização dessas histórias e dos seus entrelaces, precisa ser resgatada pela escola que pretende promover a leitura e a escrita de forma eficiente – a leitura para o mundo. Para que aprendemos a ler se esta leitura não nos permite interpretar as relações que se estabelecem no mundo atual? Quantos de nós somos capazes de entender uma instrução dada somente lendo essa instrução? Nós, professores, provavelmente vamos precisar de duas ou três voltas ao texto. E nossos alunos? Que competência estamos desenvolvendo se a maioria não consegue interpretar uma frase instrutiva, ou um texto simples? 

Estamos presos ainda na transmissão de regras ortográficas e normas gramaticais - que tem a importância necessária ate o ponto que nos fazemos entender pelo outro – e nos esquecemos que o “Word” faz isso por nós! E não venha dizer “– e se nosso computador quebrar, como vamos nos virar?” Te digo: sempre há uma Lan House por perto e os nossos alunos sabem bem disso. Alfabetizar é ensinar a utilizar o Word, pois ele está no mundo, no mundo das relações sociais possibilitando que o indivíduo escreva a sua história de vida através dele, ou outro qualquer que o substitua. 

E mesmo os nossos alunos das classes menos favorecidas economicamente sabem o identificar a relação de poder que existe entre os que sabem utilizar o computador como ferramenta para enfrentar os desafios do mundo atual e os que sequer sabem ligá-lo. Famílias, alunos e sociedade, todos sabem o valor que tem um e-mail, bem contextualizado e fundamentado, enviado como reclamação por um direito não atendido ou violado, ou como agradecimento pelas melhorias na comunidade em que vive. Este é o legado mais valioso da escola para os seus alunos: a leitura e a escrita da vida para a vida, do mundo para o mundo. 

Aprender a ler e escrever tem que ser natural como ser concebido e vir ao mundo. E tanto mais o será se essa aprendizagem estiver em consonância com nossas histórias de vida, distanciada das repetições infundadas, das transmissões sem significantes e significados. É claro que não estamos sós no mundo. E que compartilhar histórias é tão importante quanto viver e relacionar-se com todas as formas de interação social, cultural e econômica. Mas também, e principalmente, opinar, seja através da linguagem oral ou escrita, sobre essas histórias. E a partir da reflexão critica promover mudanças significativas, seja na própria história, ou nas histórias coletivas. 

___________________

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 4 ed. Paz e Terra, 1986.



Literatura na sala de aula – leitura e interação

Prof. Valéria Rosa Poubell






1. Recolher livros da biblioteca da escola, caso haja, para trabalho em sala de aula durante todo o ano letivo

2. Solicitar ao responsável um exemplar para ficar na sala de aula (a ser devolvido no fim do ano).

3. Organizar com as crianças a catalogação dos livros, ou seja, fazer uma lista com eles dos exemplares disponíveis, aproveitando a excelente oportunidade de abordagem de conteúdos: leitura, escrita, ordenação alfabética, estrutura elementar textual (título, autor, editor, ilustrador, etc.).

4. Propor um Círculo de Leitura (que pode ser na própria sala de aula, mas também pode servir de inspiração para uma “aula ao ar livre”, no pátio da escola, por exemplo. A criançada vai se familiarizando com o hábito da leitura sistematizada, além de desenvolver habilidades importantes, como o ouvir, o falar, o raciocinar (apreensão das idéias do texto lido/ ouvido), o pensar criticamente, e a emissão coerente desse pensamento, entre outras.

5. Todo fim de semana, cada aluno escolhe um exemplar, leva para casa e lê. Pode ser sozinho, ou com ajuda (p/ aqueles que ainda não conseguem ler).

6. Fazer fichas de avaliação (simples, como "em sua opinião, a história do livro é: boa, muito boa, ruim ou muito ruim?”; “interessante pouco interessante”; “empolgante, sonolenta”, etc.) com alguma interpretação, o mínimo possível, como por exemplo: Reescreva o título do livro que você leu; Quem são as personagens da história do livro? Represente através de desenho a parte que você achou mais interessante na história.

7. Disponibilizar, durante as aulas, acesso às “Caixas de Leitura”, “Baú do conhecimento”, “Caixinha de Surpresas” (seja qual nome for escolhido pelo professor ou pelos alunos para o local onde ficarão guardados os livros) para livre manuseio pelos alunos, propiciando assim uma leitura prazerosa, sem qualquer “cobrança”.

8. Propor reescritos textuais de histórias lidas e apresentadas nos Círculos de Leitura, como uma das estratégias de desenvolvimento da produção escrita através do “pensamento sobre a escrita”.

9. E muitas outras possibilidades que a sua criatividade de professor, comprometido, eficiente e esperançoso é capaz de alcançar!

Cartilha ou cartilhar?



A leitura do trabalho de Pesquisa, realizada com apoio do CNPQ, “as práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras?”, que recomendo a todos os leitores (disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n38/05.pdf, e acessado em outubro do corrente ano), me fez pensar muito na minha sala de aula. E confesso que na do vizinho também. Foi uma espécie de auto-avaliação coletiva, mas a partir de um só sujeito. Valendo-me da máxima “estranho se não fosse trágico”, fiquei horas imaginando a forma como encaminho a minha prática alfabetizadora. E apenas com os botões por perto, lembrei-me do quanto o ensino mudou.
Se avançamos, não sei dizer. O fato é que nadamos, nadamos, mas vamos morrendo, pouco a pouco, ou de uma vez só, na praia de Ramos. Os índices continuam os mesmos, ainda que tentemos disfarçá-los. O monstro assustador da evasão perdeu força a partir dos programas do governo, mas ressurge faceiramente quando lá na frente estes já não o aprazem.
Pensei com os meus joelhos, dobrados sobre o sofá, nos textos literários que hoje usamos. Sim, claro, nós mudamos! Alfabetizamos através de textos. E os textos são variados. Lá estão os jornalísticos, os poéticos, os utilizados em cartazes (hã, hã! Desculpem-me, mas deu uma coceirinha na minha garganta...). Mas vamos lá! Em nossas salas de aula tem também os textos narrativos, os convites, os contos, as crônicas (hã, hã! De novo!). Sim eles sãos os mais variados possíveis. E o que fazemos com todos eles? E o que você, caro leitor deste espaço aspirante a Blog, faz com todos esses textos em sua sala de aula?
Com o nosso bom ar de modernos e antenados, vamos destrinchando os belos aportes textuais em palavras, letras e sílabas. “Cartilhamos sem utilizar uma cartilhazinha sequer”! Simplesmente, como nos aponta a pesquisadora, retalhamos o texto. O reduzimos a pó.
Não, não estou com saudade daquele tempo. Daquele tempo que “era bom” e que “todo mundo aprendia”, menos a torcida do Flamengo, é claro! E só para deixar CLARO, ela não aprendia porque era oriunda de família pobre, desestruturada, tadinha; ou então era porque não aprendia mesmo, coita... diiinha. Não estou com saudade desse tempo, mas não estou gostando de viver neste tempo aqui. Tempo que “sisi”. “sisentimos modernos!
Boas inspirações a todos!

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Relato de Experiência - Diálogos em Arte-educação

Uma experiência no Museu Oi Futuro, RJ.