Para uma melhor compreensão do fracasso e do sucesso escolar vi

O SABER E O NÃO SABER


“ - Ah, tia. Eu ainda não sei escrever! ”
“ - Eu não sei escrever! ”


Frases como estas são comumente ouvidas das crianças que são submetidas a um processo puramente mecânico de aprendizagem da leitura e escrita.

Neste processo a criança fica impossibilitada de experimentar e, portanto, amedrontada, não vê lugar para o erro. As respostas já foram dadas e não é preciso refletir sobre elas. E basta memorizá-las.

Acaba pisando numa mina explosiva aquele aluno que não consegue “guardar” tudo, exatamente como lhe foi mostrado. Aquele que não consegue lembrar, que sofre da memória, é o que “ não sabe “ e, por isto, é um fracassado.

Os que conseguem trazer à lembrança o “ba, be, bi, bo, bu” - sem nos esquecermos do "bão", claro - vão aos poucos se convencendo de sua superioridade, de sua inteligência, de seus dons naturais para alcançar altas posições na sociedade hierarquizada sócioeconomicamente.

Possuindo o conhecimento – aquele esperado pela escola – esses alunos se tornam detentores do poder. “ O saber que possuem é confirmado na escola e os resultados escolares antecipam seu sucesso na vida social (Esteban, 1991).

Precisamos refletir  sempre sobre o que estamos oferecendo aos nossos alunos. E, mais importante ainda, o que farão com aquilo que lhes ofertamos.

E o que acontece com aqueles que não memorizam de forma mecanizada?



Escrita como meio de satisfação pessoal

Olá, pra toda essa gente boa que nos acompanha!

Escrever é bom demais, blogar, melhor ainda! Aprendo tanto com esse troca-troca. M'Alma se enche de alegria ao receber carinhosos comentários.

Um contentamento que me faz pensar naqueles  que desconhecem essa poderosa ferramenta - a ESCRITA. Sim, ainda hoje, inúmeras pessoas convivem a margem de todo esse aparato tecnológico, como as mídias e redes sociais, e distantes daquilo que, ao meu e aos seus olhares, é tão rudimentar, como a escrita com lápis ou caneta em papel.

Caramba, por vezes me percebo completamente louca por me preocupar com essas coisas.

Que tenho eu a ver com toda essa gente que não sabe escrever, nem ler, é claro? Tenho a minha vidinha, vidinha mesmo, leio o que quero (hoje sou minha própria bússola na escolha do caminho a escolher para me alimentar de saberes) e escrevo quando quero, e melhor ainda, O QUE QUERO (claro que não é tanto assim, como bem sabemos. Afinal a DITADURA, névoa mundial, ainda nos ronda. Sem contar a tal da DIPLOMACIA, que confesso não saber utilizar como me sugerem).

Por que então, deixar que esse pensamento me invada a alma? Será por que gosto tanto de ler, quanto de escrever? Será que sinto falta das escrituras dessa gente? O que será que elas teriam a me dizer? Será mesmo que sejam tão incapazes de aprender?

Talvez pense no quanto de contribuição poderiam dar a esse bloguinho, aspirante a gente nesse Blogsplanet, cada vez mais encantador.

E com o que essa gente se preocuparia? Com a quantidade e a qualidade daquilo que escreveriam ou leriam? Que recados nos enviariam?

E vocês, caros leitores, escritores, com o que se preocupam? O que ocupa sua alma?


Educação Popular na atualidade: análise das possibilidades e dos desencontros


"Tornar a escola popular não implica torná-la substancialmente diferente da escola das elites; é esta a escola que as classes populares querem arrancar do Estado, submetendo-a à sua critica sem deteriorar sua qualidade nem abdicar do seu conteúdo".
Vanilda Paiva
Na crença de que a história não chegou ao fim, que o ideal de construção de uma sociedade mais bela em sua essência continua vivo, a EP aqui já tratada através de outro post procura constituir-se como uma possibilidade alternativa para a educação de jovens e adultos.

Concebemos que a educação por si mesma, sozinha, não é capaz de transformar. No entanto, sem considerá-la, não se consolidará a conscientização das massas pela sua opressão e também da elite pela necessidade de torná-la menos opressora e mais solidária. 


Falar de EP atualmente, significa considerar a realidade social concreta como ponto de partida para um ato de educar que gera felicidade a todos – alunos, professores, escola, sociedade, mundo. Mas essa mesma realidade, tão abordada nas últimas décadas, tornou-se “chavão” em qualquer programa ou projeto pedagógico. Sabemos o quão distanciada das práticas educativas ela se encontra.
Cabe aqui um convite para encararmos o desafio de “olhar” a realidade, enxergá-la de fato e buscar nela, e através dela, as ferramentas que necessitamos para ensinar os indivíduos, frutos dessa realidade, a ler, escrever e revertê-la para o bem de todos.
A divisão social da população parece cada vez mais solidificada, mostrando-se forte e presenteira em meio à imensa desigualdade sócio-econômica entre as classes sociais. A exploração e os mecanismos autoritários pelos quais os trabalhadores de baixa renda eram submetidos ainda prevalecem.

Alfabetização com a turma da Mônica



Qual criança, jovem ou adulto, caso já tenha sido apresentado, que não gosta das personagens criadas por Mauricio de Souza? E mesmo os que vão ter contato pela primeira vez, dificilmente não se apaixonarão.

Apresento aqui um trabalho que foi desenvolvido a partir das histórias em quadrinhos e sugestões de atividades de leitura e escrita a serem desenvolvidas a partir da tipologia textual História em Quadrinho (HQ)...

Alfabetização Matemática


Há tempos que ando (sem sair do lugar! Rs...) querendo conversar sobre esse assunto. Não raro, nós, alfabetizadores, nos deixamos atrelar pela leitura e escrita em detrimento da matemática durante a mediação do processo de alfabetização dos nossos aprendentes-ensinantes. Agindo assim, acabamos por não perceber que no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático está contido uma enorme variedade de aspectos, que pode auxiliar, e muito, na aprendizagem da leitura e escrita. Isso sem falar no conteúdo  essencial para se estar no mundo atual.

Alguns desses aspectos podem ajudar no reconhecimento e na identificação do traçado das letras: linhas retas, curvas, quantidade de traços, círculo, meio círculo, enfim uma gama de variáveis imagéticas podem ser exploradas e aproveitadas para o bem de todos, alunos e professores.

Letras e números são imagens, e sabemos que são muito mais que isso também. No entanto,  a definição delas é importante para que possamos nos comunicar.

Um pouco mais adiante, podemos trabalhar a sequenciação numérica, tão importante para apoiar o aluno em suas descobertas. Particularmente, gosto muito de apresentar uma tabela numérica, iniciando com uma que vai do 1 ao 50,  excluíndo o 0 (zero) para facilitar a leitura pelo aluno ao pesquisar a tabela para encontrar um número desejado.

O que você pensa sobre isso? Compartilhe conosco!

Forte Abraço!

História e Geografia: integração a favor da alfabetização?

Por: Valéria Rosa Poubell
Trabalho do Curso de Pós-graduação da UNESA/ 2007 - Alfabetização: concepções e perspectivas


A Geografia não é mais que a História no espaço.
Reclus

O mundo em que vivemos é marcado pela sobrevivência como um desafio constante, face ao acelerado crescimento do desenvolvimento tecnológico com o qual convivemos. Temas como alimentos transgênicos, globalização, aquecimento do planeta, altos índices de desemprego, baixos salários daqueles que estão empregados, dentre outros percalços sociais, são veiculados numa velocidade inassimilável, dado o volume de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação de massa e drasticamente alterados com a popularização da Internet.
(Imagem disponível na Web)
Voltando-se o olhar para o objetivo que movimenta a escrita deste texto – pensar a integração das disciplinas de história e geografia na educação de crianças, jovens e adultos, somos levados a pensar nos objetivos atuais do ensino das referidas disciplinas. E assim, buscar, selecionar e organizar conteúdos que atendam aos objetivos propostos. Mas é importante que se atente para a significação e a aplicabilidade destes conteúdos na vida cotidiana dos educandos.

Alfabetização e Educação Popular: opção para a atualidade?

Aspectos ideológicos e metodológicos
“Com muitas ilusões, mas com enorme esperança, tentaram-se caminhos novos ou reconstruíram-se caminhos antigos. O que houve de certo e errado só a história pode dizer. E quase nos foi negada a possibilidade de conhecer a história”. Osmar Fávero
Paulo Freire, como representante notável frente às lutas populares que se travaram inicialmente na América Latina, teve uma ação internacional, “graças” a sua situação de exilado. Suas ações carregaram em si a concepção de educação como emancipadora do popular e contribuíram para a consolidação de um grande número de grupos e organizações favoráveis a defesa dos marginalizados e excluídos.

Segundo estudo de (ALMEIDA, 1988) o ato de educar em EP significava, no início dos anos 60, atuar frente a grupos variados em seus interesses: o indivíduo que buscava aulas de alfabetização nos acampamentos, as mulheres que participavam de clubes de mães, sócios nas sociedades de bairros, membros das igrejas, grupos de trabalho específico, dentre outros. Mas como podemos compreender a base de todo o processo de alfabetização em Educação Popular da época?

Consciência Fonológica: pré-requisito para a alfabetização?


O título desta postagem foi o tema do último Fórum de Alfabetização, na Unirio, ontem. Manhã maravilhosa, encantadora, desequilibrante, como todas que são oferecidas pelas pessoas do Grupalfa. E que pessoas são essas? Nossa, sem palavras...

Fui desmontada em meus preceitos, mas acalentada pelas informações: dados para a reflexão. Penso que não estou tão distante assim daquilo que educadores que sonham uma sociedade mais justa, de fato, onde a educação contribui para a verdadeira emancipação dos indivíduos - sejam eles pertencentes a qualquer camada sóciocultural e econômica - almejam.

De tudo e muito mais, aprendi que consciência fonológica, sim, mas sem o blá blá blá da sílabação pela simples silabação, ainda que se possa chegar lá. Mas por outro caminho, mais seguro e humano para o aprendente.

Quero escrever mais sobre isso, mas ainda estou organizando as idéias. Quer refletir comigo sobre isso? Envie suas idéias, dúvidas... Vamos pesquisar juntos.

ABRAÇOS CARINHOSOS A TODOS E TODAS!


EDUCAÇÃO: eu acredito, nós acreditamos!

Olá, caros leitores e leitoras,


Quero compartilhar com vocês
a satisfação do nosso espaço ter atingido mais de 50.000 
(cinquenta mil) acessos, demonstrando que 
Educação ainda é um assunto que nos encanta 
preenchendo nosso tempo.

Para comemorar, estamos renovando esta Webblog, reorganizando sua formatação e apresentação. Esperamos que gostem e nos sugestionem.



ABRAÇOS a TODOS e TODAS com Afeto!

É hora do Fórum! XXII FALE - UniRio

Para quem já participou sabe que é IMPERDÍVEL!

O Fórum de Alfabetização, promovido pela Universidade do Rio de Janeiro, a UNIRIO, acontece uma vez por mês, trazendo-nos para debate temas estritamente observáveis em nossa prática pedagógica. São encontros com profissionais da mais alta qualidade, que atuam mesmo em salas de aula, honrando-nos com a ausência do blá-blá-blá distanciado da práxis, como estamos habituados a assistir.

Te vejo por lá!

(Clique na imagem para saber mais detalhes).




O que se aprende quando se ouve o professor lendo?


Em releitura do imperdível para nós, alfabetizadores, "Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário", de Délia Lerner (2002), me deparei com os questionamentos da própria autora:

" O que se aprende quando se ouve o professor lendo?"
"Em que momento os sujeitos se apropriam da linguagem dos contos?"

Entre essas e outras perguntas, seguidas das reflexões da Délia, me veio à lembrança o diálogo:

"- Mãe, faz um chafariz aqui pra mim (fazendo referência a uma produção artística - desenho - de livre escolha)?
- Chafariz! Huumm, não sei desenhar bem um chafariz.
- Mãe, faz um igual àquele do Mico Leão!"

Nossa, o que Ana (5 anos de idade) estaria querendo me dizer? Que "raio" de Mico Leão era esse? E o que chafariz tinha a ver com o Mico Leão?  Minha expressão facial falou por si só. E fora explendidamente interpretada pela pequena:

"- Mãe, você não lembra daquela história que você contou pra mim e para a Maria*, a do Mico Leão que adorava tomar banho no chafariz?"

Caramba, realmente eu havia contado essa história durante uma aula para Maria, aluna que frequentava a sala de Atendimento Educacional Especializado. Mas já se passara muito tempo. O ano letivo, inclusive, já havia virado.

Eu, de fato, não me recordei de imediato. Talvez pelo motivo da Ana ter participado do momento da Contação da história de forma incidental. Ela se quer devia estar ali. Não havia planejado contar para ela específicamente. Mas neste ponto exato entraríamos num outro assunto que geraria um bom tópico de discussão: a intencionalidade educativa ou o planejamento pedagógico.

Mas o que vale mesmo, diante dessa exposição é a ressignificação daquilo que fora apreendido por Ana. E ainda mais valerá  se considerarmos a intencionalidade não direcionada a Ana, e sim a Maria.

A pequena, ao ter contato com a história que ouvira da sua mãe, ainda que não direcionada para ela específicamente, assimilou o seu conteúdo, se apropriou dos seus elementos, preservando-os em sua memória e os resgatou num momento posterior de criação artística, através do desenho, espontâneamente.

Creio que esta seja a maior contribuição que nós, professores podemos dar aos nossos alfabetizandos, que é a de oferecer elementos de criação.
Esses elementos, ressignificados, irão compor a história da pequena Ana em seu real processo de (re)construção da leitura e da escrita.

E nos voltamos à pergunta que gerou esta postagem:
O que se apreende quando se ouve o professor lendo?

_________________
(*) Identidade preservada.


As falas da família e as memórias sobre a alfabetização II



(Foto de Cristiane Silva. In: Bienal 2009)

Larissa, Professora e Pedagoga, revive sua história e nos envia suas memórias. É um relato cheio de vida e que certamente irá emocionar aos caros leitores, envolvidos com a arte de alfabetizar.
NÃO DEIXE DE COMPARTILHAR CONOSCO SUAS LEMBRANÇAS. 
Forte abraço a todos e todas!


(Amigaaaaaaaaa, essa é vc???  Q história linda! Mas fico até "sem graça" de contar a minha... rs)

"Lembro-me muito pouco... mas era tudo muito diferente... Tb era a menininha calada e isolada num canto da sala, os professores não acreditavam qd meu pai contava todas as artes que aprontava em casa. Era um meninão em casa, que não deixava meu pai cozinhar o chamando para jogar bola. Meu pai cuidou da casa e das 3 filhas muitos anos, por estar desempregado, enquanto minha mãe trabalhava.

Ninguém entendia pq era tão calada na escola, tão desorganizada, "avoada", nunca sabia qual o caderno era para pegar e nem se tinha trabalho de casa. Incansavelmente, ou cansavelmente, não sei, escutei: Você é irmã da Laila??? Não acredito! A Laila era tão organizada e tinha uma letra linda. Como estudávamos na mesma escola e minha irmã Laila era apenas uma série a minha frente. Pegava todo ano a professora que era dela. E todo ano era a mesma tortura!
Em casa minha mãe nunca entendia pq eu não gostava de ler, se dava a mesma educação e estímulo às filhas, e Laila lia enquanto eu jogava creme-rinse (era assim que se chamava condicionador na época) no chão do box para Laila cair, rabiscava as bonecas, destruía a casa de bonecas feita pelas primas na bananeira...

Qd minha mãe ia arrumar minha mochila então... Nossa! Ela sempre encontrava caneta hidrocor sem tampa e a mochila jeans manchada com a mesma cor da mancha dos cadernos, agenda, novo testamento... Tinha ali farelo de biscoito, umas 4 maçãs, no mínimo, podres e tudo que se pode imaginar... Era um desespero!
- Relaxada! Preguiçosa! Porca!

Ouvi isso toda a infância, adolescência e ouço até hj, mas agora adulta a corrijo:
- TDA, por favor!
É... por ser quieta, e não atrapalhar as aulas, minhas professoras não viam transtornos em mim. Não tive a mesma sorte que a sua. Fui internalizando isso e realmente me achava a porca, a filha burrinha. Mas eu sonhava tanto. Sonhava acordada, sempre com futuro, com tudo que via. Hj, 28 anos, continuo assim, estou sempre pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo. Não dá pra parar, e isso cansa... Dormir então, é se cansar mais, os sonhos são sempre tão intensos, malucos, são vários, muitos, muitos, muitos sonhos numa mesma noite de sono. Acordo durante à noite para ir ao banheiro e beber água, o meu corpo exige isso!
No primário ficava brincando com o estojo. Tinha aquele que cada botão que se apertava saía uma coisa: tesoura, apontador, gaveta... As BICs eram bonecas barbies. Sabe aquela tampinha? Era o cabelo de rabo de cavalo. Tudo me distraía. As notas, regulares à péssimas. Minha mãe ficava desesperada.
- Como uma filha minha pode ficar em recuperação na 2a. série, hj intermediário?
Filha mais nova de três "INTELIGENTES", dava nisso.
Hum! Me lembrei agora da avaliação de leitura no C.A. Não sabia o som do H inicial, a professora e a coordenadora me explicavam diversas vezes, mas não conseguia compreender... rsrsrsrs
E a tabuada??? Hum... essa aí era um horror. Ao contrário de vc não entendia pra q decorar se era só olhar no papel. Minha mãe, coitada... Colava cartazes com tabuadas em pontos estratégicos da casa. Qd eu sentava no vaso sanitário, estava o cartaz na minha frente. Se deitava na cama, acredite! Ele estava lá, colado no teto. Os números saiam do lugar dançavam, caiam, brincavam comigo, mas cantar a tabuada, só qd ela gritava:
- Quero ouvir daqui!
rsrsrsrsrsrs
A conta de dividir fui aprender apenas na 5a. série. Na 2a. vez que fiz a 5a. série. Passei em todas as matérias e fiquei em mat, por mais de 4 pontos. Fiz prova final, recuperação e nada. Deram a chance de 2a. época. Já ouviu falar nisso??? Passei todas as férias de 1990 estudando com professora particular.

O dia que fugi para ir à Colônia de férias do SESC, era o dia de piscina, tomei uma surra de escova de pentear cabelo. Bom, fiz a 2a. época, mas não passei. A prova foi a idêntica a que estudei na explicadora, ela tinha conseguido do ano anterior daquela mesma escola. Tentava me fazer decorar o resulatdo. rsrsrsrs Não é que errei quase tudo... A madre responsável chamou meus pais para conversar para q eles decidissem se eu passaria ou não. Meus pais optaram por não. Falaram que eu era do meio do ano (junho) e esses 6 meses estavam fazendo a diferença em minha maturidade. Fiquei P... Fiquei certa de q não gostavam de mim. Q era realmente o patinho feio que os familiares falavam, a pestinha, a criança achada no lixo.
E as produções? Falatava o final do parágrafo, mudava de assunto antes de concluir. Meu Deus! Pq g e j, s, ç, e c, s e z, x e s, m e n, tudo com o mesmo som? Era um tormento meus erros ortográficos.
Então as coisas começaram a melhorar qd repeti o ano. Já com 12 anos comecei a entender toda aquela confusão de pensamento e falta de organização como características da minha personalidade e que estava na hora de mudar... Comecei a me cobrar, a ficar popular na escola e a estudar todos os dias da minha vida. Como cobrança. As críticas familiares mudaram. Agora era: Como a Larissa é inteligente! Eu dizia:
- Não! Inteligente não! ESFORÇADA!!! Vcs não tem noção de qt força boto nisso!
E fui uma das melhores alunas da turma. Qd decidi ser professora, me obriguei a ler. Pensava: é inadmissível uma professora q não gosta de ler... E as coisas foram fluindo. Apostei com minhas irmãs que passaria para CEFET. Não passei e fui "zoada" durante todo o 2o. grau por elas. Só pararam qd apostei que passaria para UERJ. Riam tanto. Fiz, sem pré-vestibular, sem matemática, física, química e biologia de 2o. grau. Passei para a 2a. fase. Ninguém queria voltar de viagem para eu fazer a prova. Minha irmã mais velha falava: Mas pai, ela não vai passar mesmo! Isso me dava uma força incrível para estudar, passei dezembro inteiro debruçada em livros, isso num sol de lascar dentro de uma casa quente de praia.
Passei! E conclui! Quis continuar... quero... Mas não entendia mais o pq de tanta dificuldade. Hj trabalhando, como professora, vivo louca com atividades para corrigir, elaborar, prazos de entrega. Faço cursos, palestras, participo de Congressos, mas com um esforço fora do comum. Esqueço meus compromissos, esqueço de contas importantes a pagar, sempre numa velocidade enorme de pensamento. Tenho muitas ideias, poucas consigo colocar em prática, tô sempre elaborando... dizem que sou criativa. E responsável tb. Qd escuto que sou organizada, digo: Tento! Tento!
Hj lendo e pesquisando sei que sou uma adulta TDA, sem hiperatividade física. Sou feliz! Muito feliz! Sei que conquistei muitas coisas, mas sei tb que quero conquistar muito mais, mas preciso de ajuda, procuro ajuda...
Minha mãe não sabia disso, faltava informação naquela época. Hj sabe e procura me entender.
Um adulto TDA entende suas confusões como parte da personalidade. As pessoas que convivem cmg, ou me amam, por entenderem meu jeito esquecido, grosseiro, impulsivo e entrão de ser, ou me odeiam... rsrsrsrs".


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