Concepção de Alfabetização

Alfabetização através de Obras Literárias

A experiência da docência em Alfabetização, ao longo destes 21 anos, me proporcionou a vivência em diferentes processos alfabetizatórios e, aliado ao olhar inquieto e inquisidor constante, contribuiu bastante para o enriquecimento da minha práxis alfabetizadora, tanto assim que, posso definir com muita clareza os caminhos a serem percorridos nos encaminhamentos pedagógicos alfabetizadores, bem como os procedimentos atitudinais mais adequados no que diz respeito ao Ser Humano na sua formação plena, distanciado o suficiente de ações repetitivas, acriticas, irrefletidas e apoliticas. E bem próximo das atitudes transformadoras, do seu próprio ser e do seu entorno visando o bem comum social.

Sendo assim, a escolha que faço aqui é por um Processo Alfabetizatório significativo, capaz de produzir narrativas autorais de todos os gêneros  discursivos disponíveis na sociedade. Para atingir esse resultado,  uma alfabetização através da leitura de textos variados da Literatura, diversificados em seus diferentes gêneros, justifica-se pelo fato destes guardarem características próprias de suas funções, enquanto textos em que o leitor conduz as leituras de maneira própria, atualizando-as no tempo e no espaço de acordo com as suas próprias vivências.


Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra, como aquela alfabetização que vivenciamos em nosso tempo, mecanizada através de inúmeras repetições sem sentido algum, mas muto eficaz na sua intenção implícita - robotizar. Além disso, acredito que a leitura de um texto com sentido completo realiza um trabalho ativo de construção, desconstrução e reconstrução do significado do texto, o que contribui para auxiliar o aprendente em seu processo de letramento.

LISTAS são as primeiras formas de texto expositivas e favorecem a aquisição da base alfabética; possibilita a reflexão entre as hipóteses de escrita dx alfabetizandx e a escrita convencional das palavras, promovendo o conflito cognitivo, portanto, elaborar listas é uma estratégia bastante desafiadora e pode ser sugerida já no início do processo alfabetizatório.

Os textos ORALITERÁRIOS, representantes da cultura de tradição oral, como os Trava-línguas, parlendas, quadrinhas, poemas, versinhos, canções de roda, mitos e lendas são textos apropriados ao trabalho lúdico para a aprendizagem da aquisição da base alfabética e ortográfica; por serem de fácil memorização, geram atividades que favorecem a percepção de que é preciso corresponder ao falado e ao escrito, além de brincar com o som, a forma gráfica e o significado das palavras, desenvolvendo as habilidades de demonstrar conhecimentos básicos sobre as regras ortográficas na escrita de textos; analisar textos escritos observando as regularidades gráficas ou gramaticais no emprego das palavras.


Como falar em encantamento sem citar os CONTOS NARRATIVOS (Andersen, Perrault, etc); as FÁBULAS (Esopo, La Fontaine, etc.); os CONTOS DAS MITOLOGIAS - Gregas, Romanas, INDÍGENAS, AFRICANAS, ÁRABES, encantadoras dos universos infantil, jovem e adulto. Todos exemplos dentre inúmeros.  Os Contos Clássicos, como são chamados, que tanto encantaram e encantam gerações e gerações. Estes, por si só traduzem para o imaginário infantil, juvenil e também adulto, sonhos, fantasias e realidade através das emoções e sentimentos trabalhados. Ainda que ressalvada toda passividade de críticas que possam suscitar, estes contos além de conter uma beleza estética característica, são carregados de significados.

Os significados dos Contos dialogam com as nossas crenças, nossos costumes. Ao mesmo tempo em que nos alimentam, são impregnados por nossos valores sociais. Isto acaba por contribuir para um processo de leiturização e interpretação textual mais eficaz e importante de ser trabalhado desde o início da alfabetização.

Muitos autores da atualidade vêm contribuindo para facilitar o processo de desenvolvimento da aprendizagem da leitura e escrita. Alguns eu diria que acertaram a mão ao elaborar receitas tipo bolo de repetição de palavras e frases com sentido duvidoso - pseudotextos, já outros são obras em toda a sua primazia, em termos de respeito ao leitor que pensa. Temos aqui no Brasil os autores Ricardo Azevedo com os seus estudos folclóricos reunidos em seu livro Meu Livro de Folclore, Mary e Eliardo França, Ruth Rocha, Sonia Junqueira, que particularmente, adoro e outros, com suas histórias prontas para serem desconstruídas.















Gibis, textos literários extraídos de jornais, revistas, entre outros, são também excelentes aportes textuais com significação. Basta-nos que tenhamos objetivos bem claros e definidos para que não nos percamos no meio do processo, pois a sistematização no sentido da organização dos conteúdos de aprendizagem, se faz necessária para um caminhar satisfatório tanto para o aprendente, quanto para o professor.




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