Mostrando postagens com marcador Educação de Jovens e Adultos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Educação de Jovens e Adultos. Mostrar todas as postagens

(Trans-Inter)Multiculturalismo e Educação de Jovens e Adultos



Pensar a alfabetização de crianças, de jovens e adultos exige o debruçar sobre a constituição dos povos no mundo, reconhecemos e percebemos as consequências que ultrapassaram o nível econômico imperialista de exploração e opressão, exímio formador de nações inteiras de assolados na miséria social, afetando as relações sociais e culturais caracterizadas pelas políticas de dominação e universalização das culturas, ignorando as diferenças no diálogo simultâneo, soldando as vozes, empenhando esforços para ocultamentos, emudecimentos e incutações culturais padronizadas e espelhadas no eurocentrismo. Pode o transculturalismo crítico nos ajudar a pensar a colonialidade dos povos explorados e oprimidos pela força da violência de dominação cultural? As tendências autoritárias nas típicas relações de poder na sociedade hiper-fragmentada, neoliberais, predatória, , racista, sexista, ecocida, impulsiona o desenvolvimento de uma Pedagogia crítica (McLAREN, 1997) voltada para a cidadania, através da denúncia, da conscientização das/os estudantes quanto à opressão das diversas forças do modelo econômico capitalista, almejando, pela via da libertação, a emancipação dos sujeitos, a partir do reconhecimento e valorização das suas identidades culturais através das relações com o outro.

Os desafios para uma educação contra hegemônica são inúmeros. A transformação social a partir da prática educacional sócio-histórica, trans-inter-multiculturalista, crítica da pós-modernidade, de resistência, oposicional, radical, intervencionista, de ressignificações políticas de relacionalização da diferença, discursiva, dialógica, libertária e transformadora cultural, na visão de McLaren (1997) constitui-se paradoxo face à construção de branquidades, a negociação dos simulacros identitários pela elite branca, euro-norte-americana, niilista, promotora do empobrecimento material e intelectual de uma maioria através do cerceamento e controle de dados e das consciências humanas fundamentalmente de homens e mulheres afro-americanos, tomadas como constituinte de corpus selvagem, em prol de imperativos mercadológicos ratificados pelas diferentes formas de multiculturalismo não-crítico; e finalmente, a ascensão do fundamentalismo cristão em fusão com uma Nova Direita ultra-neoliberal, machista, modeladora de consumidores compulsivos a partir de narrativas intencionais que nos leem o tempo todo, desafiando a capacidade crítica e reflexiva de leitura das narrativas branqueadas pelos negros, colocando em risco suas próprias narratividades e identidades culturais.

A construção de narratividades de fronteiras, objetivando a subversividade política e autoral frente aos discursos de opressão ao afirmar que os discursos dominantes são espaços de luta e seus significados estão ligados a antagonismos sociais (McLaren, 1997: 143) e que a reflexão e a crítica isoladas não são suficientes para a emancipação nos é proposto pelo autor. O diálogo entre as identidades culturais deve ser assumido pela pedagogia crítica, não reducionista da ordem social (1997, p.142) para o movimento pós-colonialista, no qual as/os educadoras/es tornam-se narradores de histórias, teóricas/os de um pós-modernismo de resistência que possa ajudar as alunas e alunos a fazerem as conexões necessárias entre os seus desejos, suas frustações e com as formas sociais e culturais que os informam (1997: 211) no encontro com a compreensão da vida social e política, numa lógica de repertórios identitários opostos aos imperativos de mercado, negociando as identidades culturais étnicas, não-sexistas, não-heterossexistas, não-classistas, os pertencimentos, o que há dentro de si com o que há no outro, possibilitando a constituição do que somos e do que nos tornaremos.

A reprodução das desigualdades sociais e econômicas que, à sombra dissimulada do multiculturalismo, propaga as ideologias dominantes e os valores culturais fundamentais para as identidades culturais branquiadas, ao mesmo tempo em que alerta para a importância da representação das histórias étnicas, questionando a extensão das narrativas totalitárias que suprimem as descontinuidades, os espaços, os silêncios das identidades culturais das minorias (MCLAREN, 1997). Ao propor o multiculturalismo crítico como uma política de resistência, atualizando-o no espaçotempo da sua experiência histórica e profissional em defesa da radicalidade, a partir da prática de uma pedagogia crítica revolucionária, McLaren nos desafia a pensar a atualidade da sua obra frente às mazelas sociais mais em evidência ante a crise sanitária e contexto atual pandêmico.

As afro-brasilidades que constituem a população no Brasil enriquecem a nossa cultura ao mesmo tempo em que expõe no tempo presente o quanto as pessoas negras, de ancestralidade escravizada no país, sofrem com as sequelas da destituição dos direitos humanos, do direito de ser mais (FREIRE, 2005) como sujeito de direitos, sobretudo o direito à educação e ao saber historicamente produzido. Mas concordando com Munanga (2015), não se pode aceitar que os processos de escravização sofridos pelos negros, bem como as outras formas de escravização sofridas pela população pobre subalternizada em prol do capitalismo nos dias atuais sejam a causa da baixa escolarização no país, tampouco um dos fatores da roda girante produtora do fracasso escolar tendo em vista que os mais de cem anos do fim da escravidão dos negros já deveriam ter demonstrado uma vontade político-cultural de superação deste problema social.

Nos anos 50, Florestan Fernandes convidava-nos a uma reflexão complexificada acerca das relações sociais no Brasil que, tratadas hegemonicamente como democráticas, o que se evidencia na frase “o Brasil é um país democrático!”, muito difundida por representantes políticos em época eleitoral. Para o autor, a ocupação dos negros nos setores mais subalternos da sociedade após a abolição da escravatura representava que a democracia racial era um mito observado a partir da própria história da modernização do país, uma vez que no processo houve uma forte tendência higienista com o incentivo imigratório de europeus, recebendo terras e incentivos financeiros para se estabelecerem no país, o que nos faz perceber e salientar que a ancestralidade das/os estudantes da EJA não se beneficiou da tal “democracia”, fato este que, mesmo com os investimentos em ações políticas, sócio e culturais de cotização das ofertas de escolas, universidades e concursos para cargos públicos, contribui para a sistemicidade das desigualdades sociais pela via da interdição do direito.

No palco das discussões sobre diferença, o multiculturalismo crítico em sua versão emancipatória reconhece a diferença como direito e o direito da coexistência das identidades culturais colocadas em movimento, em fluxo, ressignificadas nas lutas antirracistas, feministas, ambientalistas, de gênero, articuladas com o debate contínuo sobre novas definições de direitos, de justiça social, de política, de democracia, de cidadania.

Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido Rio de Janeiro, 9.ed. Paz e Terra, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, 43.ed. Paz e Terra, p.89-139, 2005.
MCLAREN, Peter. Multiculturalismo crítico. Prefácio Paulo Freire; Apresentação Moacir Gadotti: - São Paulo: 3. ed. Cortez, 1997.
MUNANGA, Kabengele. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje? Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62, p. 20–31, dez. 2015.

900eMuitos Letrados



PROJETO SOCIOEDUCACIONAL VOLUNTARIADO
O Projeto teve início no ano de 2016, a partir de uma conversa informal,
despretensiosa, com um menino de 11 anos.

Era um domingo e comemorávamos o meu aniversário que havia acontecido dois dias antes. A festa se resumia a uma pequena reunião de parte da família. Estávamos sentados na porta da casa que tinha a sua frente uma praça meio abandonada, mas muito utilizada pelas crianças que moravam no entorno do condomínio onde eu morava. Os meninos e meninas vinham brincar nos brinquedos que mesmo quebrados, reinventados, lhes serviam.

Naquele dia, um dos meninos veio pedir água. Meu irmão, levado a descontrações, ofereceu-lhe refrigerante e o convidou para comer uns pedacinhos de carne que estavam assando na churrasqueira que se encontrava na varanda, do lado de dentro da casa. Vieram outros meninos e uma menina. Sentamo-nos então na varanda e do meu lado sentou-se o menino que pediu água primeiro. Meu irmão perguntou-lhe o seu nome. Ele respondeu e antes que lhe fizessem outra pergunta:

“- Meu nome é ... E eu não sei ler não!”
Aquela resposta pronunciada como um grito: não me pergunte em que série eu estou na escola ou coisa do tipo, imediatamente me chamou atenção. Ao lado dele, perguntei baixinho a sua idade e se ele tinha vontade de aprender a ler. Ele prontamente respondeu que sim. Então, respondi: “- Vou te ensinar a ler e escrever. Você quer mesmo, né? Então fale com a sua mãe e se ela deixar, na próxima sexta-feira você vem que eu vou te ensinar a ler”.

Encontro marcado. Fui trabalhar na escola com uma alegria e uma ansiedade que me animava. Queria que a próxima sexta-feira chegasse logo. Ao chegar em casa, a tardinha, ainda vestida com os trajes da labuta, me chega ao portão o menino e mais três amigos. Travamos um rápido diálogo:

- Tia, eu vim para aula hoje.

- Tá bom, mas nós marcamos na sexta-feira. E quem são esses outros meninos?

- Ah, Tia, hoje não é sexta-feira não?

- Não, hoje é segunda-feira ainda. Na próxima sexta você vem. Mas e esses meninos?

- Ah, Tia, eles não sabem ler também não!

Pausa para refletir.
- Tá. Conversou com a sua mãe? O que ela disse?

- Ela disse que eu posso, Tia. Só não posso fazer bagunça.

Me dirigindo aos outros meninos:

- Então, qual o nome de vocês? Precisam conversar com os seus responsáveis e trazer algum papel assinado dizendo que vocês podem vir aprender a ler e escrever. Elas me conhecem?

- Conhece sim, Tia! A minha mãe disse que a senhora é professora.

- Ah, é? Qual o nome dela?

Todos falaram ao mesmo tempo: “-É fulana!”.

- Certo, então não esqueçam o combinado e até sexta.

O dia seguinte me tomou de anseio e preocupação com a responsabilidade que havia assumido. Perguntei-me por que estava fazendo aquilo. A resposta veio fácil. Eles precisavam de ajuda. E eu era professora. Alfabetizadora. A preocupação inicial deu lugar a outras, como o melhor dia e horário para assumir aquele compromisso e o local adequado.

Comecei a organizar algumas coisas mentalmente e sabia que ia precisar de materiais básicos, coisas, como alguns cadernos, lápis, borracha, apontador, mesa, cadeira. Então, me dei conta de que eu tinha tudo a minha disposição. Precavida e em busca de organização dos materiais da escola, dos estudos pessoais, dos estudos da filha e do filho, sempre tinha materiais sobrando em casa, como cadernos, lápis e borrachas que comprava. A mesa e as cadeiras não seriam problema, uma vez que tínhamos em casa uma grande mesa de madeira com dois bancos bem grandes também.

Bom, se os materiais não eram mais problema. O que ainda me fazia sentir de certa forma agoniada?

Sim, eram os responsáveis. Eu não tinha ideia de quem eles eram. Não sabia nem aonde o menino e os seus amigos moravam. Sabia que era fora, mas pertinho do Condomínio. Só isso. Precisava da autorização deles. Precisava conhecê-los. Então, decidi que só iria ensiná-los depois de conversar com os seus responsáveis ou ter alguma autorização por escrito.

No dia seguinte àquela segunda-feira, tudo parecia mais encaixado numa possibilidade real. Conversei com a minha família e explicitei qual seria o plano. Todos ficaram me olhando e pagando para ver “qual seria”. Mas logo, todos se envolveram e isso vou contar daqui a pouco.

Terça-feira. Eis que me chega novamente ao portão o menino da água. Outro rápido e estonteante diálogo foi travado:

-Tia, é hoje, né?

- Hum, não. Não é hoje. Hoje é terça-feira ainda.

Foi então que percebi que, no dia anterior àquele, o que havia considerado ansiedade de quem quer logo aprender a ler e escrever, na verdade era alguém me dizendo que não tinha ideia sobre o tempo. Logo eu, professora experiente, fui pega nas minhas distrações ou preocupações outras. Retornei para ele o que seria a nossa primeira aula-encontro. Expliquei que estávamos ainda na terça-feira; que a semana começa no domingo, dia em que nos encontramos e nos reconhecemos (eu já o havia visto em outros momentos na praça, mas sem tecer qualquer conversa); que faltavam ainda a quarta, a quinta e que, então chegaria o grande dia, a sexta-feira do nosso encontro.

No dia seguinte, já podemos imaginar o que ocorreu e nem preciso contar aqui.

A tão esperada sexta-feira chegou e ao abrir o portão da casa, me deparei com sete jovens. Todos alegaram não saberem ler. Pedi que retornassem as suas casas e pedissem para alguém da família ir conversar comigo. Ninguém apareceu. Os meninos e a única menina que viera com eles me disseram quem alguns não tinham ninguém em casa e outros que a mãe estava cuidando do irmão e em outros afazeres domésticos. Imaginei que poderia ser vergonha ou algo parecido. Então pedi que aqueles que tinham algum familiar em casa retornasse e pedisse que ele escrevesse um pequeno bilhete tomando ciência e autorizando as aulas de alfabetização. Quem não tivesse, poderia voltar, junto com os outros, na próxima terça-feira. Todos retornaram no mesmo dia com algum papel escrito com letras um tanto ilegíveis e assinados. Tamanha ansiedade, decidi que ficaria com eles naquele dia.

Conversamos sobre seus nomes, onde estudavam, alguns dados familiares (se tinha irmãos, se alguém em casa ajudava nos deveres da escola) e as expectativas. Era para mim importante saber que eles também estavam assumindo um compromisso com a aprendizagem deles. E conversamos muito sobre isso e também sobre as suas maiores dificuldades na escola.

A maioria confundia o traçado das letras, eram copistas, mas não sabiam o que estavam copiando, pois algumas letras ainda eram desconhecidas. Para alguns, pouco tempo depois, bastou apenas isso. Uma revisão e um pouco de treino sobre os diferentes traçados e sons das letras que compõe o nosso alfabeto. 

Pediam-me muito ditado, pois na escola era uma atividade recorrente e eles erravam muito. Queriam acertar. Combinei que faríamos alguns ditados, sim mas que também experimentaríamos outras atividades como produzir cartas e outros textos. Ficaram assustados. Disse-lhes que podiam confiar, e deixar o medo de lado, pois não estariam sozinhos. Faríamos juntos e com o tempo eles próprios iriam perceber que poderiam fazer sozinhos.

Todos desejo de aprender e estavam animados com uma nova possibilidade de aprendizado. Acontece que eram extremamente agitados e ainda não tinham senso de organização, pessoal, de materiais. Isso parecia afetar bastante a concentração deles. A menina era mais tranquila. Já conhecia as letras, confundia-se nas construções das frases para compor pequenos textos. Poucos treinos de construção de escrita lhe ajudaram e ela começou logo a se sentir muito confiante e me pediu para ajudar aos que tinham maior dificuldade, pois o sonho dela era ser ajudante da professora dela e ajudar na sala de aula. Sonho realizado em pouco tempo dos que ficamos juntos. Algo me disse que faltava-lhe confiança em si mesma. Ganhou o mundo. Mas quis continuar conosco.

Dos sete, na semana seguinte contamos treze. O menino da água me apresentou a sua prima. 15 anos. Já estava no 7º ano de escolaridade e me disse que tinha muita dificuldade para escrever e confundia as palavras e algumas letras também. Na semana seguinte, ela trouxe o seu outro primo também do sétimo ano, com dificuldades semelhantes e muita vontade de aprender matemática.

Percebi que precisava de ajuda para dar conta dos alfabetizandos em fase inicial, carinhosos e respeitosos comigo, mas desconcentrados e brigões entre si, apesar de desejosos de aprender. Solicitei ajuda do Mauro Roberto, meu esposo, para ajudar com os mais adiantados na seriação escolar.

A cada semana chegava mais um. Era um irmão que lia, mas tinha dificuldade, era o amigo curioso para saber o que se fazia ali nas noites de terça e sexta. Foi preciso dividir o grupo, o que eles e elas (agora três meninas) nada gostaram, mas a coisa estava ficando cansativa demais. Muita briga entre os familiares, discutindo causos outros que lhes afligiam.

Entendi bem o que se passava com cada um. Não era nada fácil o dia-a-dia para eles. Dois iam para o sinal vender balas, outro ajudava um tio num bar, a menina mais velha tomava conta dos seus seis irmãos. Como demonstrava agitação. Ficamos amiga e ela começou a me confidenciar seus dias na escola e na sua casa. Senti que precisa de algum ouvido. Dissera-me que brigava na escola todos os dias. Que batia nos meninos e nas meninas que viessem “ter com ela” qualquer desagrado. Tentei orientar da melhor maneira que acreditava pudesse ajuda-la. Ela insistia: “- Ah, Tia, eu que não vou ficar levando desaforo para casa! Não vou mesmo!”.

Precisei reformular diversas vezes as palavras que utilizaria nas conversas com a menina brigona. Então, contei que eu levava desaforo para casa as vezes. Ela ficou muito surpresa. Expliquei que eu não ficava feliz, mas as vezes era situação na escola, com aluno, com diretor/a, ou no trânsito. Demorou um pouco, mas aos poucos ela foi se desarmando. Parecia que a vida dela era precisar se defender todo o tempo: “-Ah, Tia, deixa eu ser sua filha!”. Ela começou a trazer a irmãzinha de seis anos que tomava conta. 

Fomos nos tornando, com muita conversa, discussões calorosas e algumas “ralhações”, um grupo de amigos e amigas. Um/a começou a cuidar do/a outro/a, assim que se sentia confiante nas leituras.

Todos que começavam a ler pediam para levar para casa um livro da caixinha que tínhamos disponível: “Tia, deixa eu levar esse livro para mostrar para a minha mãe ver que eu já estou lendo sozinho. Vou ler todinho, vai ver só!”. O primeiro a sentir-se e descobrir-se leitor foi incentivando mais ainda os outros.

Não queriam ir embora. Tinha que expulsá-los. “Vão, gente. Tenho que tomar banho e fazer janta ainda!”.

“- O que você vai comer hoje, Tia? Não tem nada lá em casa hoje, a patroa da minha mãe foi pro shopi e não pagou ela, aquela vaca, tia” (sim, uma vaca! Pensei e falei). Sorrimos. De pronto, larguei tudo e fui preparar um lanche com ajuda da filha e do esposo. Daquele dia em diante, sempre fazíamos um lanchinho, não importava quem tinha ou não o que comer em casa.

Aos poucos, os responsáveis ficaram sabendo dos lanches e quiseram ajudar. Àquela altura, acho que já estavam certos de que eu não iria cobrar nada pelas aulas dos filhos. Fui conhecendo uma a uma, e um pai. Todos muito agradecidos.

Mas quem mais tinha para agradecer era eu. Como aprendi com aquelas crianças. Como pude compreender melhor a minha própria prática pedagógica através das interlocuções de cada um/a.

Todos aprenderam a ler e começaram a escrever, mas precisavam de alguém que continuasse acreditando neles. Me mudei de residência no ano seguinte, a filha havia passado para o Colégio que toda a família sonhara, o Colégio Pedro II. E como ficaria muito distante. Decidimos nos mudar. Foi uma tristeza só, mas o dever havia sido cumprido e com louvor.

Hoje, quando vamos visitar a tia que ainda mora no condomínio e nos vemos, fazemos todos uma festa e tanto com muitos abraços e olhinhos cachoeirando.





É hora do Fórum! XXXI FALE - Unirio

Prez@dos e Prez@das, saudações!

IMPERDÍVEL!

O último FALE - Encontro de Alfabetização: leitura e escrita - Unirio/ RJ, acontece neste 26 de novembro, sábado, de 9 as 12h.

É um momento muito proveitoso, sempre impregnado de
práxis reflexiva.
Até lá!

Pesquisa em Educação: Ciclo de Estudos em Alfabetização - Proalfa

Pessoal, tá aí uma oportunidade imperdível!

Palestra com a Prof. Dr. Maria do Socorro Calhau, uma mestra da mais alta competência, um ser humano fantástico em sua simplicidade na arte do ensinamento. Isto porque "quem sabe realmente, ensina e aprende junto", como a própria faz questão de nos alertar, ainda que admita sua incompletude conhecedora.

Vale muito a pena conferir!

(Clique na imagem para ver)

Escrita como meio de satisfação pessoal

Olá, pra toda essa gente boa que nos acompanha!

Escrever é bom demais, blogar, melhor ainda! Aprendo tanto com esse troca-troca. M'Alma se enche de alegria ao receber carinhosos comentários.

Um contentamento que me faz pensar naqueles  que desconhecem essa poderosa ferramenta - a ESCRITA. Sim, ainda hoje, inúmeras pessoas convivem a margem de todo esse aparato tecnológico, como as mídias e redes sociais, e distantes daquilo que, ao meu e aos seus olhares, é tão rudimentar, como a escrita com lápis ou caneta em papel.

Caramba, por vezes me percebo completamente louca por me preocupar com essas coisas.

Que tenho eu a ver com toda essa gente que não sabe escrever, nem ler, é claro? Tenho a minha vidinha, vidinha mesmo, leio o que quero (hoje sou minha própria bússola na escolha do caminho a escolher para me alimentar de saberes) e escrevo quando quero, e melhor ainda, O QUE QUERO (claro que não é tanto assim, como bem sabemos. Afinal a DITADURA, névoa mundial, ainda nos ronda. Sem contar a tal da DIPLOMACIA, que confesso não saber utilizar como me sugerem).

Por que então, deixar que esse pensamento me invada a alma? Será por que gosto tanto de ler, quanto de escrever? Será que sinto falta das escrituras dessa gente? O que será que elas teriam a me dizer? Será mesmo que sejam tão incapazes de aprender?

Talvez pense no quanto de contribuição poderiam dar a esse bloguinho, aspirante a gente nesse Blogsplanet, cada vez mais encantador.

E com o que essa gente se preocuparia? Com a quantidade e a qualidade daquilo que escreveriam ou leriam? Que recados nos enviariam?

E vocês, caros leitores, escritores, com o que se preocupam? O que ocupa sua alma?


História e Geografia: integração a favor da alfabetização?

Por: Valéria Rosa Poubell
Trabalho do Curso de Pós-graduação da UNESA/ 2007 - Alfabetização: concepções e perspectivas


A Geografia não é mais que a História no espaço.
Reclus

O mundo em que vivemos é marcado pela sobrevivência como um desafio constante, face ao acelerado crescimento do desenvolvimento tecnológico com o qual convivemos. Temas como alimentos transgênicos, globalização, aquecimento do planeta, altos índices de desemprego, baixos salários daqueles que estão empregados, dentre outros percalços sociais, são veiculados numa velocidade inassimilável, dado o volume de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação de massa e drasticamente alterados com a popularização da Internet.
(Imagem disponível na Web)
Voltando-se o olhar para o objetivo que movimenta a escrita deste texto – pensar a integração das disciplinas de história e geografia na educação de crianças, jovens e adultos, somos levados a pensar nos objetivos atuais do ensino das referidas disciplinas. E assim, buscar, selecionar e organizar conteúdos que atendam aos objetivos propostos. Mas é importante que se atente para a significação e a aplicabilidade destes conteúdos na vida cotidiana dos educandos.

As falas da família e as memórias sobre o processo de alfabetização



Todos nós, leitores privilegiados, temos em nossa lembrança nossos processos de alfabetização. Mas o que nossos familiares pensavam e nos diziam àquela época, sem que percebéssemos, foi muito importante para nossa formação, seja em qualquer área em que atuamos hoje.
Será que você se recorda das falas da sua família sobre a sua aprendizagem da leitura e escrita?
Bem, de qualquer forma, quero compartilhar com vocês as minhas lembranças tão vivas em meu pensamento ainda hoje.
Seria uma honra compartilhar também das suas próprias lembranças.
Fique a vontade para nos contar.

(Proposta de atividade do Curso de Extensão/ 2009

da Universidade Federal Fluminense, Ministrado pelo Prof. Dr. Armando M. Barros
"Pintura e Escrita: confluências da verbalidade e do olhar nas classes de alfabetização").

Para o nosso mediador, o Prof Armando M. Barros (UFF/RJ), a escuta pelo próprio indivíduo sobre as suas experiências através da "voz familiar" é o que define aquilo que o aluno fala em sala de aula e até fora dela.


E o objetivo que nos faz optar por compartilhar com vocês tal concepção está presente na constatação da dificuldade que temos, enquanto professores, de nos comunicarmos verdadeiramente com nossos alunos. E mais ainda em perceber que essas vozes externas se interiorizam ao longo da nossa história e nos acompanham pela trajetória de vida escolar. Como entender o que os nossos alunos nos dizem? Ou tentam nos dizer? (...)

Leitura, escrita e alfabetização - histórias que se entrelaçam


Valéria Poubell, professora alfabetizadora, In Fórum de Professores
 Pesquisadores: “O fracasso escolar como forma de exclusão social
dos alunos das classes sociais menos favorecidas do nosso país”(2006)




A interpretação de sons, ainda dentro do útero; de imagens, a do rosto da nossa mãe no momento em que nos deixamos ver neste mundo; de gestos, toques, olhares e mais lá na frente, palavras e imagens mais complexas, a do mundo a nossa volta, tudo isso faz parte da nossa aprendizagem desde o nosso nascimento.


Todo processo de aprendizagem dos indivíduos é mediado pela escola no momento que entramos nela. E tudo aquilo que aprendemos ou não, anteriormente, será potencializado positiva ou negativamente. Neste cenário – de processos bem ou mal sucedidos até então – se apresentará a leitura e a escrita. Paulo Freire (1986) já nos disse que ler o mundo precede ler as palavras do mundo. Eu diria que escrever as palavras do mundo é resultado da escrita da nossa própria história de vida, que escrevemos com ou sem uma letra sequer, se considerarmos as culturas ágrafas existentes. 

Os nossos traços de identidade, intensamente impregnados das nossas histórias de vida, merecem toda atenção nos processos de aprendizagem da leitura e da escrita do mundo. Sabe-se que ainda hoje estes são visivelmente desprezados pela escola. Muito mais que discutir a definição ou escolher entre a alfabetização e o letramento é importante capacitar as pessoas, sejam crianças, jovens ou adultos, para a leitura e a escrita eficiente no mundo. Mas como aproximar eficientemente os sujeitos dos conteúdos de aprendizagem?

Ler e escrever vai muito além de alfabetizar-se. Ler significa “ler o mundo” sim, e através da leitura desse mundo, o indivíduo deve ser capaz de escrever a sua própria história no mundo, perceber o momento de modificar o seu rumo e lançar estratégias eficazes para que a transformação ocorra, utilizando-se da leitura e da escrita como ferramentas para alcançar o seu objetivo. Ler no mundo é perceber a história de vida como uma história que se entrelaça com a história do próprio mundo, onde residem as relações sociais, culturais e econômicas e, portanto, também passiveis de transformação.

Ao nascerem, as pessoas inscrevem-se na história do seu país que, por sua vez, compõe a história do mundo, assumindo um tempo só seu num mundo perverso em suas relações sociais e produções de conhecimento. E estes mesmos indivíduos, matriculados numa escola, só serão capazes de se transformar e mudar o seu meio social se forem instrumentalizados de maneira sólida, através de um currículo organizado de acordo com as suas reais necessidades. 

A valorização dessas histórias e dos seus entrelaces, precisa ser resgatada pela escola que pretende promover a leitura e a escrita de forma eficiente – a leitura para o mundo. Para que aprendemos a ler se esta leitura não nos permite interpretar as relações que se estabelecem no mundo atual? Quantos de nós somos capazes de entender uma instrução dada somente lendo essa instrução? Nós, professores, provavelmente vamos precisar de duas ou três voltas ao texto. E nossos alunos? Que competência estamos desenvolvendo se a maioria não consegue interpretar uma frase instrutiva, ou um texto simples? 

Estamos presos ainda na transmissão de regras ortográficas e normas gramaticais - que tem a importância necessária ate o ponto que nos fazemos entender pelo outro – e nos esquecemos que o “Word” faz isso por nós! E não venha dizer “– e se nosso computador quebrar, como vamos nos virar?” Te digo: sempre há uma Lan House por perto e os nossos alunos sabem bem disso. Alfabetizar é ensinar a utilizar o Word, pois ele está no mundo, no mundo das relações sociais possibilitando que o indivíduo escreva a sua história de vida através dele, ou outro qualquer que o substitua. 

E mesmo os nossos alunos das classes menos favorecidas economicamente sabem o identificar a relação de poder que existe entre os que sabem utilizar o computador como ferramenta para enfrentar os desafios do mundo atual e os que sequer sabem ligá-lo. Famílias, alunos e sociedade, todos sabem o valor que tem um e-mail, bem contextualizado e fundamentado, enviado como reclamação por um direito não atendido ou violado, ou como agradecimento pelas melhorias na comunidade em que vive. Este é o legado mais valioso da escola para os seus alunos: a leitura e a escrita da vida para a vida, do mundo para o mundo. 

Aprender a ler e escrever tem que ser natural como ser concebido e vir ao mundo. E tanto mais o será se essa aprendizagem estiver em consonância com nossas histórias de vida, distanciada das repetições infundadas, das transmissões sem significantes e significados. É claro que não estamos sós no mundo. E que compartilhar histórias é tão importante quanto viver e relacionar-se com todas as formas de interação social, cultural e econômica. Mas também, e principalmente, opinar, seja através da linguagem oral ou escrita, sobre essas histórias. E a partir da reflexão critica promover mudanças significativas, seja na própria história, ou nas histórias coletivas. 

___________________

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 4 ed. Paz e Terra, 1986.



Língua Portuguesa e Alfabetização - ponto e contraponto

[Trabalho apresentado no Curso de Pós-graduação em Alfabetização - UNESA/ 2007]

“Nós, professores alfabetizadores, precisamos perceber a competência e a criatividade que possuímos. Construir, cotidianamente, uma escola que alfabetize a todos, não é tarefa fácil, mas é possível”. Carmen S. Sampaio

E a Língua como vai?

Nossas salas de aula apresentam-se com inúmeros desafios para nós - professores. Lá nos deparamos com multiculturas, histórias de vida das mais variadas possíveis, alunos com níveis diferenciados de aprendizagem. E como lidar com tudo isso e muito mais?

Pensar o ensino de Língua Portuguesa requer uma compreensão da magnitude das questões que ora se apresentam: Para que ensinar a Língua Portuguesa? Para quem ensinar a língua? Como ensinar Língua Portuguesa? O que ensinar em Língua Portuguesa? A quem cabe ensinar Língua Portuguesa? Pode ser que pretendemos reinventar a roda, mas por que não, se esta como se encontra, já não atende às nossas necessidades?

Muito se tem falado sobre a importância da interdisciplinaridade, e até mesmo da multidisciplinaridade e transdisciplinaridade nas diversas áreas do ensino, mas como fazer para exercê-las? Mas em que dimensões da Língua Portuguesa estes fatores se encaixam?

Marcado pela sobrevivência como um desafio constante, é o mundo em que vivemos, face ao acelerado crescimento do desenvolvimento tecnológico com o qual convivemos. Temas como alimentos transgênicos, altos índices de desemprego, baixos salários daqueles que estão empregados, dentre outros percalços sociais são veiculados numa velocidade inassimilável, dado o volume de informações disponibilizadas pelos meios de comunicação de massa e drasticamente alterados com a popularização da Internet.

Temos então, diante dos nossos olhos – considerados mais “apurados” por sermos ledores e letrados – uma realidade multifacetada, complexa e desafiadora. Diante do exposto, uma educação voltada para emancipação dos indivíduos, entendendo isto como fazer com que o individuo saiba ler, selecionar, organizar e decidir autonomamente os rumos para sua vida e sua sociedade, navegando no emaranhado de informações veiculadas pela mídia – deve prioritariamente pautar-se na concretude da formação destes indivíduos, ou seja, os liames do percurso pedagógico. E que se distancie do modelo tradicional conteudista, ineficaz face aos novos desafios apresentados neste início de milênio.

A escola ganha, nesse processo de reconstrução de significados, uma importância fenomenal, uma vez que precisa instrumentalizar os alunos com competências para analisar, discutir entre os seus pares, identificar, selecionar e organizar ações eficazes para a transformação da sociedade na qual está inserido.

Desta forma, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, os conteúdos das disciplinas das diferentes áreas do ensino. Por que não ensinar Ciências, por exemplo, numa aula de Língua Portuguesa? Lançar mão do texto cientifico, propor leituras, interpretações, estudo de determinado aspecto da língua, pesquisas... suscitar o desejo de aprender mais? E numa contramão, numa aula de Ciências não se poderia ensinar Língua Portuguesa? Que tipologia textual encontramos num texto cientifico?

É comum encontrarmos alunos que passaram pela escola, aprenderam técnicas de decifração do código escrito e que até são capazes de ler textos simples, curtos, mas que não conseguem depreender do mesmo o seu sentido global. Para onde caminhou o ensino da língua? Mecanização? Decoração de regras gramaticais? Onde foi parar o sentido daquilo que se lê?

A função social da leitura e da escrita no mundo de hoje perpassa pela capacidade dos educandos/ indivíduos interpostos em sociedade, em lidar com situações do cotidiano, mas também fora dele, de forma consciente, e principalmente, autônoma, crítica.

Muito além de ensinar conteúdos programáticos, cabe ao educador tomar decisões. Decidir a partir da realidade que lhe foi posta, (ou imposta) para agir eficaz e eficientemente nela. E pensar:
- Para onde quero ir?
- O que desejam aqueles que caminharão comigo, os sujeitos das minhas ações?
- Como fazer para obter êxito?
- Qual o melhor caminho? Existe um só caminho?
- Se já iniciei a minha caminhada, estou seguro, ou segura? Consigo ver o final da trilha?
- Preciso desviar o caminho, ante o que vejo?
- Todos estamos felizes, alunos e professores, sócio-afetiva-pedagógicamente?

Um caminhar feliz, significa a observância de resultados satisfatórios para aqueles que precisam da escola como forma de sistematização dos conteúdos das disciplinas, mas acima de tudo, o sucesso no mundo.


Abraços a todos!


Empirismo ou Construtivismo - por uma mudança mais segura

Para mudar é preciso reconstruir toda a prática a partir de um novo paradigma teórico


Quando se tenta sair de um modelo de aprendizagem empirista para um modelo construtivista, as dificuldades de entendimento às vezes são graves.

Em uma perspectiva construtivista, o conhecimento não é concebido como uma cópia do real, incorporado diretamente pelo sujeito, como é proposto em nossas cartilhas empiristas: pressupõe uma atividade, por parte de quem aprende, que organiza e integra os novos conhecimentos aos já existentes. Isso vale tanto para o aluno quanto para o professor em processo de transformação.

Se o professor procura inovar sua prática, adotando um modelo de ensino que pressupõe a construção de conhecimento sem compreender suficientemente as questões que lhe dão sustentação, corre o risco, grave no meu modo de ver, de ficar se deslocando de um modelo que lhe é familiar para o outro, meio desconhecido, sem muito domínio de sua própria prática — "mesclando", como se costuma dizer.

O equívoco mais comum é pensar que alguns conteúdos se constroem e outros não. O que, nessa visão "mesclada", vale dizer que uns precisariam ser ensinados e outros, não. Em outros casos o modelo empirista fica intocado e as idéias que as crianças constroem em seu processo de aprendizagem são distorcidas a ponto de o professor vê-las como conteúdo a ser ensinado.

Alguns professores que, encantados com o que a psicogênese da língua escrita desvendou sobre o que pensam as crianças quando se alfabetizam, passaram a ensinar seus alunos a escrever silabicamente.

Que raciocínio leva a uma distorção desse tipo? Se os alunos têm de passar por uma escrita silábica para chegar a uma escrita alfabética, ensiná-los a escrever silabicamente faria chegar mais rápido à escrita alfabética, pensam esses professores.

Essa perspectiva só pode caber num modelo empirista de ensino, cuja lógica intrínseca é a de organizar etapas de apresentação do conhecimento aos alunos. Essa lógica não faz nenhum sentido num modelo construtivista.

Outro tipo de entendimento distorcido, mais influenciado por práticas espontaneístas, é o seguinte: diante da informação de que quem constrói o conhecimento é o sujeito, houve professores que entenderam que a intervenção pedagógica seria, então, desnecessária. Se é o aluno quem vai construir o conhecimento, o que os professores teriam a fazer dentro da sala de aula? E passaram a não fazer nada.

Como se vê, é fácil nos perdermos em nossa prática educativa quando não nos damos conta do que orienta de fato nossas ações. Ou melhor, de quais são as nossas teorias em ação.

Um erro que precisa ser evitado por nós, professores ávidos por transformação de paradigma, por suas graves conseqüências é o desvio espontaneísta: como é o aluno quem constrói o conhecimento, não seria necessário ensinar-lhe. A partir dessa crença o professor passa a não informar, a não corrigir e a se satisfazer com o que o aluno faz "do seu jeito".

Essa visão implica abandonar o aluno à sua própria sorte. E é muito importante que o professor compreenda o que significa, do ponto de vista da criança, o "vou fazer do meu jeito".

Na alfabetização, para exemplificar, quando uma criança entra na escola ainda não alfabetizada, tanto ela quanto o professor sabem que ela não sabe ler nem escrever. Ao propor que se arrisque a escrever do jeito que imagina, o que o professor na verdade está propondo é uma atividade baseada na capacidade infantil de jogar, de fazer de conta.

Num contrato desse tipo — que reza que o aluno deve escrever pondo em jogo tudo o que sabe e pensa sobre a escrita — o professor deve usar tudo o que sabe sobre as hipóteses que as crianças constroem a respeito da escrita para poder, interpretando o que o aluno escreveu, ajudá-lo a avançar. Dentro desse contrato, quem "faz de conta" é a criança.

Nesse espaço em que a criança escreve "do seu jeito" o papel do professor é delicado. Mas é semelhante ao de alguém adulto que participa de uma brincadeira de fez de conta sem entrar nela. Ao professor cabe organizar a situação de aprendizagem de forma a oferecer informação adequada.

Sua função é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar.

O professor funciona então como uma espécie de diretor de cena ou de contra-regra e cabe a ele montar o andaime para apoiar a construção do aprendiz.


Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br



A consciência negra no Brasil - somos negros?

INCANDESCENTE SER
Cidade Negra


Acredito eu que as coisas
estão em transformação
Acredito que, dentro do ser, há solução
Quem sabe a verdade tem explicação
Uma chave exposta na palma de sua mão
Do futuro homem, que será o de amanhã
Pergunte o que é que houve
Já houve muita transformação
Pergunte o que é que houve (BIS)
Já houve muitos mundos bons
Pra quem buscou em sua própria solução
Vamos nos unir para a transformação
De uma pátria e um mundo sem discriminação
Na igualdade do ser (BIS) para o bem de nossa nação.


20 de novembro

DIA DA CONSCIÊNCIA DA NEGRITUDE BRASILEIRA!

Preservar a nossa memória, conhecer, respeitar e valorizar a nossa história torna-se uma condição inexoravelmente necessária.

O BRASIL É DE TODOS!
Precisamos acreditar de fato nisto.
A todos os brasileiros, com o meu amor, FELIZ NEGRITUDE!

Vamos conhecer um pouco da NOSSA HISTÓRIA?
Quem foi Zumbi dos Palmares?

Zumbi dos Palmares foi ...

O maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil.

Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra e não foi escolhido ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.

O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo. 
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.

Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.
“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.

Fontes: Dpnet.com.br / O Dia On-Line/ Feranet21.com.br, Acessado em nov/ 2008.

Compartilhando Saberes e Afetos

Compartilhando Saberes e Afetos
Formação Pedagógica, ideias e informações

Solte a sua voz!

Nome

E-mail *

Mensagem *

Acesse os nossos Canais

Acesse os nossos Canais
Aponte Leitor de Código QR

Relato de Experiência - Diálogos em Arte-educação

Uma experiência no Museu Oi Futuro, RJ.