Fundado em 2008, @Alfabetização em Foco Oficial objetiva contribuir com a formação inicial e continuada de Professoras/es e Educadoras/es, com muito afeto, compartilhando ideias, informações, experiências, conteúdos de pesquisas, discussão teórico-prática e também dialogar com Pais e Responsáveis de alfabetizandas/os, a partir do compromisso com os processos educacionais humanitários. Muito bem vinda/o!
Páginas
- Home
- Sobre o Blog
- Acesse Nossos Canais
- Alfabetizando na EJA
- Concepção de Alfabetização
- Minha História
- História da Alfabetização
- Diários em Bordo: trajetórias alfabetizadoras
- Histórias de Alfabetizar
- Ensino Especial em Foco
- Cartazes para Imprimir
- Personagens para Imprimir
- Aqui tem Dica!
- Leia livros!
- HiperDicas!
- Anuncie Aqui!
Alfabetização e as dificuldades na condução dos processos - um diálogo com Magda Soares
Ela inicia o diálogo falando do ambiente alfabetizador, no qual deve figurar elementos fundamentais ao processo alfabetizatório e teve suas concepções acerca de muitas outras indagações nossas.
"Perguntamos a alfabetizadores de escolas públicas brasileiras: 'Qual é sua maior dúvida ou dificuldade na hora de alfabetizar?' Mais de 80 perguntas chegaram, enviadas de 15 estados brasileiros. Selecionamos 20 para esta entrevista especial, que comemora o 10º ano do Letra A.
Quem responde é a educadora Magda Soares, fundadora do Ceale e professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG, que foi a primeira entrevistada do jornal, lançado em 2005.
Clique no link:
Ceale - Centro de alfabetização, leitura e escrita - UFMG - Magda Soares responde
O Ser que se alfabetiza
Então, as nossas concepções sobre o ser Criança, o ser Jovem e o ser Adulto interferem em nossos encaminhamentos pedagógicos alfabetizadores. Algumas perguntas aguçam nossos sentidos para uma reflexão: o que é ser criança? O que é ser jovem? O que é ser adulto? O que entendemos por Alfabetização? Que seres humanos queremos formar? O que a Educação desde a tenra idade tem a ver com isso?
Turma Ed.Infantil - Escola Pública Municipal do Rio de Janeiro - 2014 |
1-Wikipédia: Criança: https://pt.wikipedia.org/wiki/Crian%C3%A7a
2- Estudo acadêmico (UFJF): Infância, criança e diversidade - proposta e análise. http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/04/artigo-2a23.pdf
3- Artigo científico: O que é ser criança? Da genética ao comportamento, João Gomes-Pedro (Faculdade de Medicina, Lisboa). http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v22n1/v22n1a04.pdf
ESTADOS DE ESCRITA: contribuições à formação de professores alfabetizadores
Olá, companheirxs de caminhada Alfabetiz...Atória!
"esta ausência na formação pode também ser observada nos estudos nas áreas da Alfabetização e do Letramento, que dificilmente vão além de uma proposta político-pedagógica, não chegando a nenhum tipo de estrutura material observável na produção escrita do sujeito em processo de alfabetização ou de letramento. Muitas vezes, embora o professor tenha constante contato com as escritas de seus estudantes, não as conhece o suficiente para realizar as intervenções necessárias."
Leitores não escritores X Escritores não leitores: como reparar o percurso?
Crianças realizando inferência na leitura em fase inicial da alfabetização (Escola Pública Municipal do RJ) |
Matemática divertida: adição, subtração e multiplicação
As cores e as nossas emoções - o que isso tem a ve...
A experiência antropológica como forma de alfabetização
Ciranda do Anel, de Bia Bedran - Parte II
Disponibilizo também uma amostra do acervo musical da cantora, de títulos do seu acervo literário e um vídeo de Contação de História do próprio acervo profissional da cantora na web.
Ciranda do Anel, de Bia Bedran
Alfabetização e Teorias Psicológicas da Educação
Alfabetização Infantil por Indução Fotográfica Cerebral
Avaliação processual: diagnosticando para enturmar e ensinar
Observa-se que o vídeo sugere uma avaliação diagnóstica inicial, no entanto, tal instrumento pode ser utilizado ao longo de todo o processo, em períodos espaçados, conforme necessidade. Assim, ele servirá de apoio ao trabalho do professor e também ajudará na enturmação mais apropriada para o ano seguinte.
Para uma melhor compreensão do fracasso e do sucesso escolar vi
“ - Ah, tia. Eu ainda não sei escrever! ”
“ - Eu não sei escrever! ”
Frases como estas são comumente ouvidas das crianças que são submetidas a um processo puramente mecânico de aprendizagem da leitura e escrita.
Cartilha ou cartilhar?
Caracterização dos Alunos nos níveis de Aprendizagem da Leitura e da Escrita
A caracterização de cada nível não é estanque, podendo a criança estar numa determinada hipótese e mesclar conceitos do nível anterior. Tal “regressão temporária” demonstra que sua hipótese ainda não está adequada a seus conceitos.
Emília Ferreiro e Ana Teberosck, para detectar o nível de conceitualização da criança, sugerem um ditado individual de quatro palavras, evitando ditar o monossílabo em primeiro lugar, (monossílaba, dissílaba, trissílaba, polissílaba) e uma frase. Em seguida, pedirá à criança para “ler” o que escreveu, com a finalidade de entender como ela “lê”.
Nas características e desafio dos níveis no processo de alfabetização, as autoras colocam que, em cada nível, a criança elabora suposições a respeito dos processos de construção da leitura e escrita, baseando-se na compreensão que possui desses processos.
Dessa forma, a mudança de um nível para outro só ocorrerá quando se deparar com questões que o nível em que se encontra não puder explicar: elaborará novas suposições e novas questões e assim sucessivamente. Em decorrência, pode-se dizer que o processo de assimilação de conceitos é gradativo, o que não exclui “idas e vindas” entre os níveis.
1. Nível 1 - Hipótese Pré- Silábica - Intermediário I
A criança:
- Não estabelece vínculo entre a fala e a escrita;
- Supõe que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa desenhos, garatujas e rabiscos para escrever;
- Demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;
- Supõe que a escrita representa o nome dos objetos e não os objetos;coisas grandes devem ter nomes grandes, coisa pequenas devem ter nomes pequenos;
- Usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra;
- Pode conhecer ou não os sons de algumas letras ou de todas elas;
- Faz registros diferentes entre palavras modificando a quantidade e a posição e fazendo variações nos caracteres;
- Caracteriza uma palavra com uma letra inicial;
- Tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;
- Supõe que para algo poder ser lido precisa ter no mínimo de duas a quatro grafias, geralmente três (hipóteses da quantidade mínima de caracteres);
- Supõe que para algo poder ser lido precisa ter grafias variadas (hipótese da variedade de caracteres).
2. Nível 2 – Hipótese Pré- Silábica - Intermediário II
A criança:
- Começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita;
- Começa a desvincular a escrita das imagens e números das letras;
- Só demonstra estabilidade ao escrever seu nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar. Esta estabilidade independe da estruturação do sistema de escrita;
- Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.
3. Nível 3- Hipótese Silábica
A criança:
- Já supõe que a escrita representa a fala;
- Tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
- Pode ter adquirido, ou não, a compreensão do valor sonoro convencional das letras;
- Já supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba;
- Supõe que deve escrever tantos sinais quantas forem às vezes que mexe a boca, ou seja, para cada sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal;
- Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.
- Ao ler as palavras que escreveu, o que fazer com as letras que sobraram no meio das palavras (almofada) ou no final (as sobrantes)?
- Se coisas diferentes devem ser escritas de maneira diferente, como organizar as letras na palavra?
4. Nível 4- Hipótese Silábico- Alfabética
A criança:
- Inicia a superação da hipótese silábica;
- Compreende que a escrita representa o som da fala;
- Combina só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes. Por exemplo, AO para gato ou ML para mola e mula;
- Pode combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo; Passa a fazer uma leitura termo a termo (não global).
- Como adequar as formas gráficas que o meio lhe propõe à leitura dessas formas?
- Como separar palavras ao escrever, quando elas não são separadas na fala?
- Como tornar a escrita socializável, possível de ser lida por outras pessoas?
5. Nível 5- Hipótese Alfabética
A criança:
- Compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação;
- Compreende o modo de construção do código da escrita;
- Compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba;
- Conhece o valor sonoro de todas as letras ou de quase todas;
- Pode ainda não separar todas as palavras nas frases;
- Omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;
- Não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;
- Não é ortográfica nem léxica.
- Como aprender as convenções da língua?
- Como distinguir letras, sílabas e frases?
Emília Ferreiro e Ana Teberosck, na obra Psicogênese da Língua Escrita, dizem que se entende por alfabetizada a criança que dominou a base alfabética do sistema de escrita, que lê com compreensão e escreve textos com sentido possíveis de serem lidos, mesmo que apresentem erros de ortografia.
O professor precisa levar a criança a raciocinar sobre a escrita e, para isso, ele deve criar um ambiente rico em materiais e em atos de leitura e escrita, incentivando-as. Também, deve provocar interações entre os diferentes níveis, principalmente os mais próximos. Dessa forma, o professor não precisa trabalhar necessariamente com cada aluno, mas sim lhes permitir a comunicação, que é o principal instrumento da didática da aprendizagem da alfabetização.
Isto demonstra o valor do trabalho numa classe heterogênea e o quanto ele é viável, uma vez que a homogeneidade é característica apenas dos 1ºs momentos de uma classe remanejada, pois a evolução de cada criança é pessoal.
Em todos os níveis deve-se trabalhar o som das letras do alfabeto, o reconhecimento das formas das letras e a associação grafema-fonema. “Uma mesma atividade pode servir para aluno em qualquer nível do processo, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que o professor provoque diferentemente, questões e desafios adaptados a alunos em situações desiguais dentro da psicogênese”.
O professor deve ter o cuidado de não avaliar a criança como se estivesse em outra hipótese:
- Na escrita de pré-silábicos deve procurar avaliar tudo o que se referir a letras: o número e a ordem, seu tamanho e sua posição nas palavras e as iniciais e as finais;
- Na hipótese silábica - avaliar usando critérios alfabéticos , mas fazer análise da características da palavras no texto, dando mais ênfase à letra da 1ª sílaba e as 1ªs sílabas das palavras: “pode confrontar produções individuais e ditar palavras como mala, mole, mula que podem resultar ML ou palavras como pato, sapo, calo que podem resultar AO. Ao requerer a leitura dessas palavras, o professor coloca o aluno em conflito, uma vez que ele irá perceber que fez a mesma grafia para palavras diferentes”.
- Na hipótese alfabética, correções ortográficas não devem ser feitas e deve-se trabalhar produções individuais e coletivas dos alunos, nas letras de músicas conhecidas pelas crianças ou em qualquer texto que garanta efetivo envolvimento do aluno.
Além disso, algumas outras observações são importantes:
- O professor deve considerar que não é a repetição que produz o conhecimento e, sim, o estabelecimento de múltiplas relações, o raciocínio lógico e o pensar sobre o que se faz;
- A criança precisa entender a função social da escrita e a importância da linguagem oral e se sentir livre para se comunicar pela escrita e pela fala: seu texto não existe para ser corrigido, mas para ser lido e entendido;
- “O papel do professor é importantíssimo.( Emilia Ferreiro disse, no Programa Roda Viva, TV Cultura, 1989, que) Se queremos alunos ativos na construção do conhecimento, o professor também tem que ser ativo. Fale menos e escute mais e trabalhe cognitivamente também com o que escuta e vê em seus alunos”.
Ao expressar-se por escrito, tudo tem sentido para a criança: um sinal, uma letra, um desenho. Para os educadores, a análise dessa maneira de escrever pode demonstrar muito. Assim, há que se fornecer à criança a oportunidade de manter um diálogo simples e de se colocar perante o mundo. Atualmente, está claro que o mais importante para a criança é, primeiramente, EXPRESSAR-SE. Ela constrói um texto sem muito significado para nós, mas é capaz de “ler” a mensagem que quis passar, e mesmo palavras mal escritas, rabiscos e desenhos iniciais deixam de ser tentativas de escrita para se tornarem escritas reais.
Alguns princípios básicos não podem ser perdidos de vista:
- A pontuação e a ortografia serão trabalhadas gradativamente, respeitando-se as fases do processo pelo qual o aluno passa.
- A introdução à norma culta ocorre paralelamente à capacidade de criação e se desenvolve de modo gradativo.
- O professor deve ter claros os conteúdos a serem desenvolvidos ao longo do ano e trabalhá-los com flexibilidade e coerência.
- O “fácil” e o “difícil” devem ser definidos tomando-se por base a perspectiva de quem aprende e não a do educador, que precisa se conscientizar de que o aluno aprende melhor e assimila com maior facilidade o que lhe interessa mais diretamente.
- Repetir regras que não podem ser compreendidas não ajuda o aluno e não diz nada, nem a ele nem ao professor, que apenas orienta aqueles que sistematizam a aprendizagem.
- Para que o aluno se aproxime do padrão convencional da língua, ele precisa ter modelos que possibilitem uma comparação. Por exemplo, em alguns momentos ele escreverá livremente, de acordo com suas próprias regras, seguindo seus pensamentos; em outros, o professor trabalhará modelos preparados cuidadosamente, “sem erros ortográficos”, que permitirão o confronto interior da criança.
- A presença e o esclarecimento do professor neste momento de dúvida e de conflito são de fundamental importância. Não há por que dispensar exercícios e atividades que sistematizem conteúdos. No entanto, o aproveitamento será maior se os exercícios contiverem um vocabulário expressivo sugerido pelos alunos, composto por palavras que fazem parte da realidade das crianças e de seu cotidiano, que tenham relação com fatos acontecidos ou vivenciados em classe, na escola ou na comunidade.
Cabe ao professor saber direcionar a aula para chegar às palavras mais apropriadas, que possam servir melhor ao objetivo que se quer atingir.
A importância do trabalho em grupos
O TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe, um termo que se emprega com freqüência nas salas de aula, depende da organização e desenvolvimento das atividades que os professores mantenham.
Trabalhar em equipe é um modelo que vem sendo seguido e tem se modificado ao longo do tempo, agora se tem dado mais valor a aprendizagem cooperativa, isto é, um grupo de alunos trabalham em equipe e o resultado deste trabalho deve refletir que todos e cada um deles tenham trabalhado com a informação de igual maneira.
Sabemos que este seria o modelo ideal, porém quando o trabalho não foi recíproco, que fazer? Os professores devem orientar seus alunos a adquirirem destrezas sociais cooperativas que tenham como resultado a habilidade de trabalhar em grupo.
Alguns elementos dos grupos de aprendizagem cooperativa que os profissionais em psicologia educacional, entre outros, descobriram são:
- trabalho cara a cara
- interdependência positiva
- responsabilidade individual
- destrezas colaborativas
- processamento grupal
Este conjunto de elementos evidencia que ainda que se trabalhe em equipe, a aprendizagem também é individual.
Do mesmo modo, existem alguns padrões para estabelecer os grupos cooperativos.
Faz-se o planejamento do tamanho do grupo, que varia de acordo com as metas de aprendizagem traçadas,
Se esta é para repassar ou praticar uma informação bastará que as equipes sejam pequenas, entre 4 a 6 alunos; enquanto se o propósito for debater, fomentar a participação e resolver problemas, então os grupos seriam de tamanho maior.
É indispensável que os professores vigiem os grupos para verificar se todos contribuem, participam e aprendem; da mesma maneira o professor destinará aos alunos diversas funções para apoiar a aprendizagem, funções tais como o fomento, a discussão, a chuva de idéias, sondagens e criatividade.
Entre outros modelos, estão também várias dinâmicas como, por exemplo: perguntas que seriam respondidas entre os alunos, repartindo em turnos aqueles que perguntam e os que respondem; isto pode ser feito mediante o uso de tiras de papel e assim todos participam dirigindo um diálogo e obtendo aprendizagem cooperativa.
A leitura prévia de um texto e depois a resolução de problemas e dúvidas, resumos e ao final uma correção que permitiria compartilhar com os outros alunos, também pode ser usada com proveito.
Cabe ainda indicar que tudo o que foi dito anteriormente não pode ser concretizado sem um planejamento e supervisão cuidadosa do professor e do grupo, e é um processo, pois nossos alunos não foram acostumados a trabalhar corretamente em grupos.
Empirismo ou Construtivismo - por uma mudança mais segura
Em uma perspectiva construtivista, o conhecimento não é concebido como uma cópia do real, incorporado diretamente pelo sujeito, como é proposto em nossas cartilhas empiristas: pressupõe uma atividade, por parte de quem aprende, que organiza e integra os novos conhecimentos aos já existentes. Isso vale tanto para o aluno quanto para o professor em processo de transformação.
O equívoco mais comum é pensar que alguns conteúdos se constroem e outros não. O que, nessa visão "mesclada", vale dizer que uns precisariam ser ensinados e outros, não. Em outros casos o modelo empirista fica intocado e as idéias que as crianças constroem em seu processo de aprendizagem são distorcidas a ponto de o professor vê-las como conteúdo a ser ensinado.
Alguns professores que, encantados com o que a psicogênese da língua escrita desvendou sobre o que pensam as crianças quando se alfabetizam, passaram a ensinar seus alunos a escrever silabicamente.
Que raciocínio leva a uma distorção desse tipo? Se os alunos têm de passar por uma escrita silábica para chegar a uma escrita alfabética, ensiná-los a escrever silabicamente faria chegar mais rápido à escrita alfabética, pensam esses professores.
Essa perspectiva só pode caber num modelo empirista de ensino, cuja lógica intrínseca é a de organizar etapas de apresentação do conhecimento aos alunos. Essa lógica não faz nenhum sentido num modelo construtivista.
Outro tipo de entendimento distorcido, mais influenciado por práticas espontaneístas, é o seguinte: diante da informação de que quem constrói o conhecimento é o sujeito, houve professores que entenderam que a intervenção pedagógica seria, então, desnecessária. Se é o aluno quem vai construir o conhecimento, o que os professores teriam a fazer dentro da sala de aula? E passaram a não fazer nada.
Como se vê, é fácil nos perdermos em nossa prática educativa quando não nos damos conta do que orienta de fato nossas ações. Ou melhor, de quais são as nossas teorias em ação.
Um erro que precisa ser evitado por nós, professores ávidos por transformação de paradigma, por suas graves conseqüências é o desvio espontaneísta: como é o aluno quem constrói o conhecimento, não seria necessário ensinar-lhe. A partir dessa crença o professor passa a não informar, a não corrigir e a se satisfazer com o que o aluno faz "do seu jeito".
Essa visão implica abandonar o aluno à sua própria sorte. E é muito importante que o professor compreenda o que significa, do ponto de vista da criança, o "vou fazer do meu jeito".
Na alfabetização, para exemplificar, quando uma criança entra na escola ainda não alfabetizada, tanto ela quanto o professor sabem que ela não sabe ler nem escrever. Ao propor que se arrisque a escrever do jeito que imagina, o que o professor na verdade está propondo é uma atividade baseada na capacidade infantil de jogar, de fazer de conta.
Num contrato desse tipo — que reza que o aluno deve escrever pondo em jogo tudo o que sabe e pensa sobre a escrita — o professor deve usar tudo o que sabe sobre as hipóteses que as crianças constroem a respeito da escrita para poder, interpretando o que o aluno escreveu, ajudá-lo a avançar. Dentro desse contrato, quem "faz de conta" é a criança.
Nesse espaço em que a criança escreve "do seu jeito" o papel do professor é delicado. Mas é semelhante ao de alguém adulto que participa de uma brincadeira de fez de conta sem entrar nela. Ao professor cabe organizar a situação de aprendizagem de forma a oferecer informação adequada.
Sua função é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar.
O professor funciona então como uma espécie de diretor de cena ou de contra-regra e cabe a ele montar o andaime para apoiar a construção do aprendiz.